O uso prolongado de opioides e anti-inflamatórios não esteroides pode causar efeitos colaterais, como dependência, úlceras e eventos trombóticos cardiovasculares.

Conhecida popularmente como fruta-do-conde ou pinha, a Annona squamosa tem potencial analgésico, anti-inflamatório e combate dores persistentes, além de artrite. Um artigo publicado na revista Pharmaceuticals por pesquisadores brasileiros descreveu uma substância encontrada nas folhas da árvore, que pode se tornar um tratamento farmacológico alternativo para a dor. O uso prolongado de opioides e anti-inflamatórios não esteroides pode causar efeitos colaterais, como dependência, úlceras e eventos trombóticos cardiovasculares.

O trabalho envolveu cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o grupo avaliou o extrato metanólico da planta (o metanol é usado como solvente e depois removido por evaporação para obter um extrato seco), além de uma substância isolada, chamada palmatina.

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Os autores explicam que a Annona squamosa é utilizada na medicina popular para tratar dores e artrites. Várias propriedades farmacológicas foram observadas, como gastroprotetoras, antibacterianas, antivirais e anti-inflamatórias. “O objetivo do estudo foi investigar o potencial analgésico, antiartrítico e anti-inflamatório do extrato metanólico e da palmatina obtidos da Annona squamosa”, afirma Marcos José Salvador, professor titular do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp e coautor da pesquisa.

Folhas

As folhas da planta foram secas e transformadas em pó. As substâncias a serem analisadas foram então extraídas. O extrato metanólico e o alcaloide palmatina foram administrados oralmente em camundongos e estudados em vários modelos experimentais, incluindo pleurisia (inflamação da pleura, membranas que revestem os pulmões e a parede torácica) induzida por uma substância chamada carragenina; inflamação articular induzida por zimosana; e hiperalgesia mecânica (aumento da sensibilidade a estímulos dolorosos), induzida por TNF (fator de necrose tumoral, uma proteína sinalizadora produzida por células de defesa que desempenha um papel crucial na regulação da resposta imune).

“Os resultados mostraram que o extrato metanólico e a palmatina extraídos de A. squamosa têm potencial analgésico e anti-inflamatório. A palmatina também tem propriedades anti-hiperalgésicas, que podem envolver a inibição da via mediada pelo fator de necrose tumoral”, explicou Salvador à Agência Fapesp. “Também concluímos que a palmatina pode ser um dos componentes responsáveis pelas propriedades antiartríticas da planta.”

Segundo os pesquisadores, as conclusões da análise são muito relevantes e ajudam a comprovar os efeitos terapêuticos das amostras analisadas e a elucidar seus mecanismos de ação, que ainda não são totalmente compreendidos. No entanto, mais estudos são necessários antes que possam ser usados na prática para tratar doenças. “É preciso avaliar se, em outras formulações, os efeitos e as propriedades farmacocinéticos da palmatina seriam alterados”, afirma Salvador, ressaltando que pesquisas adicionais devem avaliar a toxicidade dos compostos e as doses necessárias para atingir o efeito terapêutico para uso clínico.

Fonte: Correio Braziliense
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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