Faeg confia em diplomacia para reverter tarifaço dos EUA, mas já projeta novos mercados
Federação destaca impacto da sobretaxa sobre o agro goiano e afirma que, se não houver recuo dos EUA, alternativas internacionais serão avaliadas a médio e longo prazo.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) acompanha com atenção a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros. A entidade acredita que a diplomacia brasileira pode reverter essa medida antes da sua entrada em vigor, prevista para 1º de agosto. Contudo, caso a sobretaxa permaneça, a Faeg planeja buscar novos mercados internacionais.

“Os setores produtivos, inclusive os de Goiás, têm conversado com o governo federal para que o Brasil adote uma postura pragmática, deixando de lado ideologias e focando em soluções técnicas”, afirma o gerente técnico da Faeg, Edson Novaes.

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Além disso, o governo estadual age para minimizar os impactos da taxação. Na terça-feira (22), o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) reuniu representantes de diversos setores econômicos e anunciou medidas emergenciais, como linhas de crédito. Ele também agendou outras reuniões ao longo da semana para atender todos os segmentos afetados.

Segundo Novaes, apesar da expectativa de solução diplomática, a Faeg já discute estratégias para diversificar os destinos das exportações goianas. “Outras ações estão sendo trabalhadas caso a tarifa se confirme. Goiás tem potencial para buscar novos mercados, mas o processo exige tempo, diplomacia, habilitação de plantas e adequações sanitárias. Não se resolve do dia para a noite”, explica.

Alguns setores, como os de cana-de-açúcar e carne bovina, terão mais dificuldades para redirecionar toda a produção. No primeiro semestre deste ano, Goiás exportou US$ 337 milhões para os Estados Unidos — sendo US$ 278 milhões (82%) do agronegócio, e US$ 208 milhões apenas de carne bovina. “Só a China comprou mais carne bovina goiana no período, com US$ 296 milhões”, detalha Novaes.

A Faeg reconhece os esforços estaduais, mas reforça que a solução definitiva depende da atuação diplomática do governo federal. “É fundamental que o governo conduza a negociação com os Estados Unidos com base em critérios técnicos, sem contaminação por questões políticas”, ressalta o gerente.

A decisão de Trump veio em carta aberta no dia 9 de julho. No documento, o presidente americano condicionou a revisão das tarifas ao fim do que classificou como “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Em resposta, o governo brasileiro repudiou a tentativa de interferência externa e reafirmou que o país não aceitará pressões políticas sobre seus processos institucionais.

Por Victor Santana Costa
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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