Rosana de Carvalho – Site PaNoRaMa
A estudante Jordana Carvalho, 18 anos, prestou pela primeira vez o Enem e conseguiu garantir sua vaga para o curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Goiás Regional Jataí. Esta história parece ser igual a de milhares de outros estudantes que estão entrando na universidade agora, porém, o que para muitos seria um obstáculo, para Jordana foi uma forma de demonstrar que consegue sim o que quer. Isso porque a garota tem um problema de surdez nos dois ouvidos desde o seu nascimento, além de não enxergar do olho esquerdo por conta de uma lesão na retina.
Jordana foi alfabetizada primeiramente na Escola Professor Jobim em Jataí e logo após, na escola municipal Isaias Soares foi alfabetizada em libras onde permaneceu até o 8º ano. No 9º ano, a estudante foi para o Cesut, onde ficou até o 1º ano do ensino médio e concluiu este período no Colégio Dinâmico.
De acordo com Priscilla Furtado Carvalho, mãe de Jordana, os problemas de surdez profunda e de visão de sua filha foram descobertos quando ela tinha aproximadamente 1 ano de idade, porém, ressalta que atualmente por conta de sessões de fonoaudióloga e de uso de aparelho para estimular os ruídos e som no ouvido, ela consegue falar muita coisa.
Ainda segundo Priscilla Furtado, durante seu período na Escola Professor Jobim, já havia uma professora com experiência para alfabetizar crianças com problemas de surdez e por isso Jordana conseguiu aprender com facilidade. Logo após, quando estudou na escola municipal Isaias Soares ela fez parte de programa de inclusão com intérpretes, o que favoreceu seu aprendizado. Já durante o ensino médio no Colégio Dinâmico, mesmo não tendo intérprete, ela fazia aulas de esforço pelo período da tarde com os professores, além de contar com o apoio de colegas. Priscilla ainda ressalta que mesmo com estes problemas, os professores nunca tiveram que ajudar ela a passar por meio de acréscimo na nota, o que demonstra todo o esforço e capacidade de Jordana.
Para realizar o Enem, a estudante participou como aluna surda e após estudar sobre todos os cursos da área de agrárias da UFG por conta de sua preferência, ela resolveu escolher curso de Engenharia Florestal, conseguindo a vaga para o mesmo na chamada pública. Ressaltando que sua nota na prova de Redação do Enem foi de 620 pontos, superando os valores comumente tirados por pessoas surdas, os quais são em torno de 100 a 200 pontos.
Dessa forma, Priscilla esclarece que a UFG possui um Núcleo de Atendimento à Inclusão (NAI) e por meio do seu coordenador, o professor Vanderlei Balbino, o qual também é cego, deu suporte à estudante no que diz respeito a matrícula e outros procedimentos dentro da universidade. Jordana será a sexta aluna surda na UFG Regional Jataí, sendo a primeira na área de ciências agrárias.
Dentro do curso de Engenharia Florestal na UFG, as intérpretes de Jordana deverão se capacitar por conta de ser uma área que exige sinais diferentes e de acordo com Priscilla, a própria universidade entrou em contato com a família, oferecendo todo suporte necessário.
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Rosana de Carvalho / Vânia Santana
Fotos: Alex Alves
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