Esgotamento mental no fim do ano: por que a bateria social acaba

Esgotamento mental no fim do ano: por que a bateria social acaba

O fim do ano costuma ser associado a celebrações e encontros. No entanto, para muitas pessoas, esse período vem acompanhado de intensa sobrecarga emocional. Metas acumuladas, trânsito mais intenso e cobranças no trabalho contribuem para um ritmo acelerado. Como resultado, corpo e mente entram em exaustão, afetando a chamada bateria social.

Além disso, a agenda cheia de confraternizações amplia o desgaste. Compromissos profissionais, eventos familiares e encontros sociais se acumulam. Dessa forma, o tempo de descanso se torna cada vez menor.

Estresse aumenta durante as festas

Um levantamento da American Psychiatric Association (APA), realizado em 2022, mostrou que 31% dos adultos esperavam estar mais estressados durante as festas de fim de ano. O índice representa um aumento de nove pontos percentuais em relação ao período anterior.

Entre as principais preocupações estão os custos financeiros. Segundo o estudo, 50% citaram gastos com presentes, enquanto 39% demonstraram preocupação com as despesas das refeições. Esse cenário reforça a sensação de pressão e responsabilidade típica da época.

Aumento na busca por apoio psicológico

De acordo com o psiquiatra Guilherme Trevizan, do Hospital Sírio-Libanês, o padrão se repete anualmente. “Novembro e dezembro são os meses em que mais pessoas procuram suporte especializado”, afirma. Segundo ele, a procura é maior do que em janeiro ou fevereiro.

Os primeiros sinais de esgotamento aparecem de forma gradual. Alterações no sono, irritabilidade e crises de ansiedade estão entre os sintomas mais comuns. Além disso, muitas pessoas relatam dificuldade de desacelerar. “Quando o corpo está presente, mas a mente não para, é um sinal de alerta”, explica o especialista.

Redes sociais intensificam a comparação

Outro fator relevante é a pressão social amplificada pelas redes sociais. Imagens de festas consideradas perfeitas, viagens idealizadas e rotinas aparentemente felizes geram frustração. Assim, cresce a sensação de que é preciso corresponder a um padrão irreal de felicidade.

Além disso, exageros comuns do período, como consumo excessivo de comida e álcool, podem agravar o estresse emocional. Esses comportamentos também impactam o humor e prejudicam a qualidade do sono.

O que significa “bateria social”

A neuropsicóloga Sandra Schewinsky explica que o termo “bateria social” descreve a energia mental, emocional e física necessária para interagir com outras pessoas. Segundo ela, ambientes com muito barulho, estímulos visuais e conversas simultâneas drenam essa energia rapidamente.

Para algumas pessoas, eventos sociais são revigorantes. Para outras, no entanto, são extremamente cansativos. Por isso, reconhecer o próprio limite é fundamental.

Diferença entre cansaço e esgotamento

Diferenciar o cansaço comum do esgotamento emocional é essencial. No cansaço, uma noite de sono costuma ser suficiente para recuperar o ânimo. Já no esgotamento, isso não acontece.

“A pessoa acorda cansada, perde o interesse pelo que antes era prazeroso e fica mais irritada”, explica Schewinsky. Além disso, a concentração falha. Esquecimentos se tornam frequentes e até tarefas simples passam a exigir esforço excessivo.

Agenda lotada agrava o desgaste

O excesso de compromissos sociais intensifica o quadro. Confraternizações da empresa, encontros familiares e eventos de diferentes grupos se acumulam. Muitas vezes, surge a sensação de obrigação de comparecer a tudo.

Diante disso, a especialista orienta fazer escolhas conscientes. “É importante priorizar eventos que tragam bem-estar e contato com pessoas que recarregam emocionalmente”, afirma. Ambientes marcados por conflitos, competição ou desconforto tendem a drenar ainda mais energia.

Estratégias para preservar a saúde mental

Uma das estratégias indicadas é montar duas listas. A primeira reúne prioridades práticas, como compromissos profissionais obrigatórios. A segunda contempla prioridades afetivas, ou seja, encontros que ajudam a recuperar a energia emocional.

Além disso, aprender a dizer “não” e evitar aceitar convites automaticamente faz diferença. Manter pausas ao longo da semana também ajuda a equilibrar a rotina.

Para quem tem ansiedade social, planejar horários de chegada e saída pode reduzir o desgaste. Não é necessário chegar primeiro ou sair por último. Estabelecer limites é uma forma de cuidado.

Quando procurar ajuda

O fim do ano também pode trazer culpa por não ter energia para participar de tudo. No entanto, cada pessoa possui um ritmo próprio. Situações como luto, estresse prolongado ou dificuldades emocionais não desaparecem apenas porque é dezembro.

Por isso, se o cansaço persiste, a irritabilidade aumenta e há perda de prazer, dificuldade de concentração ou insônia, é fundamental buscar apoio psicológico. Segundo especialistas, quem já sabe que esse período costuma ser difícil deve procurar acompanhamento antes que a sobrecarga atinja níveis mais graves.

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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Gessica Vieira

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