A Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou o fim do programa de verificação de fatos por agências terceirizadas nos Estados Unidos, concentrando esforços em um modelo de “notas da comunidade”, similar ao sistema implementado no X (antigo Twitter). A decisão foi acompanhada de diversas mudanças nas políticas de moderação de conteúdo e gerou debates entre especialistas e ativistas.
A decisão da Meta se aplica, por enquanto, apenas aos Estados Unidos. A empresa ainda não divulgou alterações no sistema de checagem de fake news em outros países, como o Brasil, mas já informou que essas mudanças serão implementadas futuramente.
Como funcionava o sistema de checagem de fatos
O sistema de verificação da Meta teve início em 2016, após a polêmica envolvendo a Cambridge Analytica, onde a empresa foi acusada de facilitar a disseminação de desinformação que teria impactado as eleições presidenciais dos EUA. Para combater o problema, a Meta criou uma rede global de parceiros de verificação de fatos, composta por mais de 80 organizações certificadas pela Rede Internacional de Verificação de Fatos (IFCN), do Instituto Poynter.
Os verificadores analisavam conteúdos suspeitos como vídeos, textos, imagens e links, identificados tanto por inteligência artificial quanto por denúncias de usuários. Após a análise, a Meta decidia reduzir o alcance das postagens ou exibir rótulos de alerta, mas nunca removia conteúdos diretamente, exceto em casos de violações graves dos Padrões da Comunidade. Os parceiros de checagem seguiam rigorosos critérios estabelecidos pela IFCN, como imparcialidade e transparência.
No Brasil, as agências certificadas incluíam Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa e UOL Confere. Nos Estados Unidos, havia 13 agências parceiras, como AP Fact Check, Reuters, e PolitiFact.
O novo sistema
Mark Zuckerberg justificou o fim do programa de checagem terceirizada argumentando que ele não estava funcionando como planejado, especialmente nos EUA, e que frequentemente resultava em acusações de censura. A partir de agora, as plataformas da Meta nos EUA adotarão o sistema de “notas da comunidade”, permitindo que os próprios usuários adicionem contextos a postagens, desde que haja concordância entre pessoas com diferentes perspectivas. Segundo a Meta, isso garantirá maior transparência.
Com o novo modelo, conteúdos considerados de “menor gravidade” poderão permanecer no ar sem moderação direta da Meta, dependendo apenas de denúncias feitas pelos próprios usuários. Segundo especialistas, isso pode resultar na maior disseminação de desinformação sobre vacinas, Covid-19, eleições, além de discursos de ódio contra grupos LGBTQIA+, mulheres e minorias raciais.
Reações e críticas
A decisão da Meta gerou reações polarizadas. Enquanto alguns elogiaram o fim da “censura” nas plataformas, ativistas contra o discurso de ódio expressaram preocupações sobre o aumento da desinformação e dos ataques a grupos vulneráveis. O Instituto Poynter publicou um artigo criticando a mudança, apontando que o modelo de “notas da comunidade” ainda está em estágio experimental e não é adequado para plataformas de grande alcance como Facebook e Instagram.
Por outro lado, a Meta afirma que a alteração tem como objetivo empoderar os usuários e garantir maior equilíbrio na moderação de conteúdo, embora o impacto total da mudança ainda seja incerto.
Fonte: Mais Goiás
Foto: Marcello Casal jr
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