
A variação do câmbio tem gerado preocupação, mas também oportunidades para o segmento empresarial. Com o dólar acumulando altas sucessivas desde o início do ano, a moeda americana registrou R$ 3,36 na segunda-feira (27), a maior alta desde 2003 e colocou consumidores e empresários no sinal de alerta.
“Não existe um ponto de equilíbrio. O dólar deveria estar oscilando em R$ 3, estimulando quem exporta e não aumentando os custos de quem importa”, explica Welington Vieira, coordenador técnico da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg).
Com o atual cenário de valorização do dólar, quem está faturando é o setor do agronegócio e o alimentício, que são as tradicionais indústrias exportadoras goianas. “Embora o custo da produção agropecuária aumente com a importação dos insumos, o setor é beneficiado com a alta do dólar porque o nosso produto passa a valer mais lá fora. Quem está festejando agora é quem exporta carne e alimentos”, ressalta o coordenador.
O aumento do custo da produção, principalmente por causa da importação de fertilizantes, é uma das preocupações do Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner. Mas, ainda assim, o momento também favorece as exportações. “Agora, por exemplo, estamos na 2º safra do milho que foi muito positiva e a soja também mostra preços futuros atraentes. Os produtores estão aproveitando para fazer negociações futuras e o dólar compensa neste quesito”.
Indústria obsoleta
A atual alta do dólar ainda revela uma parte sensível da economia brasileira. Depois de vários anos de queda da moeda americana no País, a indústria nacional foi perdendo a competitividade e passou a importar mais. Hoje, com desvalorização do real, a produção interna é mais vantajosa, mas ela não tem estrutura para competir internacionalmente.
“O Brasil hoje importa até cerâmica da China. Mas, com a alta do dólar, agora é mais conveniente produzir aqui, mas a indústria não está pronta hoje para atender a demanda porque ela não atualizou o seu parque industrial”, critica Vieira.
Mesmo com as dificuldades do setor industrial, o coordenador da Fieg afirma que o momento agora é de investimento. “Esse é o momento para as indústrias brasileiras se modernizarem para pensar a competitividade e sair mais forte quando a crise passar. E é investir não só nas maquinas e equipamentos, mas ver a qualidade dos produtos e a qualificação da mão de obra.”
Ousadia no comércio
No varejo, a valorização do dólar combinada com a desaceleração econômica e com a alta dos juros e da inflação gerou a perda de renda dos trabalhadores e desestimulou o consumidor, que deixou de comprar. Segundo o presidente da Federação de Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), José Evaristo Santos, todo o setor foi afetado e já acumula queda nas vendas há 10 meses.
Para o empresário conseguir sair bem da crise, a orientação de Santos é que a empresa tenha cautela, planeje e, principalmente, mantenha os estoques baixos. Mas, para os mais ambiciosos, o momento também pode ser de ascensão. “É um momento de oportunidade para aqueles que possuem senso de criatividade, inovação e ousadia para apresentar o seu produto melhor que o seu concorrente, para melhorar o aspecto do atendimento da clientela e para inovar e se destacar no mercado”.
Via O Hoje