Por Alex Alves, do Portal Pn7
Especialista em Comunicação Institucional
“Se não quiser segurar o lápis, vai segurar o cabo da enxada.” Essa frase, comum entre aqueles que hoje estão na faixa dos 40, 50 e 60 anos, era usada por pais e avós para enfatizar a importância dos estudos. Embora tivesse a intenção de incentivar a educação, essa expressão também contribuiu para reforçar uma imagem negativa do campo, resultando no desinteresse das novas gerações pelas atividades rurais.
Esse desinteresse é evidenciado por um levantamento realizado em 2021 pela Fundação Dom Cabral, que mostra que 41% dos empreendimentos rurais no Brasil ainda são geridos por seus fundadores e outros 41% pela segunda geração. No entanto, à medida que as gerações avançam, a gestão familiar das propriedades cai drasticamente, com apenas 16% das fazendas administradas pela terceira geração e apenas 1% pela quarta. Além disso, a mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) aponta que a participação de trabalhadores com até 29 anos no agronegócio caiu 13% nos últimos 12 anos, destacando o crescente afastamento dos jovens do setor.
Muitos empresários do agronegócio têm relatado o desinteresse de seus filhos e netos em assumir a gestão das fazendas familiares. Mesmo em um país onde a economia é fortemente baseada no setor agro, muitos herdeiros não desenvolveram um vínculo com a terra, especialmente aqueles que se mudaram para grandes centros urbanos em busca de educação e novas oportunidades profissionais.
Diante desse cenário, uma das soluções sugeridas é preparar a propriedade para negócios que não exigem a gestão direta dos herdeiros, como arrendamento ou aluguel de pasto. Essa estratégia facilita a manutenção das fazendas na família, mesmo quando os sucessores não estão dispostos a se envolver diretamente na administração.
Outra solução comum é a criação de uma holding familiar, onde os herdeiros atuam como sócios e o gerenciamento pode ser realizado por um deles ou por um gestor profissional contratado. Esse modelo jurídico permite estabelecer regras que dificultam a venda da propriedade e protegem o patrimônio familiar em casos como divórcios dos herdeiros. A venda da fazenda, mesmo diante do desinteresse dos sucessores, é considerada a última alternativa, pois isso pode levar à depreciação do patrimônio acumulado ao longo de gerações, gerando sofrimento emocional aos fundadores do negócio.