Desde julho, quando começou o Plano Safra 2024/2025, a concessão de crédito rural para custeio e investimentos em Goiás apresentou uma queda significativa. O montante disponível para o setor caiu de R$ 14,7 bilhões em 2023 para R$ 9,5 bilhões neste ano, o que representa um recuo de 35%. A redução atingiu as áreas de custeio, investimento, comercialização e indústria.
A queda mais acentuada foi observada nos recursos destinados a investimentos. Em 2023, o valor total de crédito para essa finalidade foi de R$ 2,59 bilhões, mas, em 2024, caiu pela metade, alcançando apenas R$ 1,3 bilhão. O número de operações para investimentos como maquinários, essenciais para modernização e expansão das propriedades, também diminuiu em quase 50%, sinalizando uma dificuldade para os produtores que precisam atualizar seus processos e adquirir novas tecnologias.
Outro impacto relevante ocorreu no crédito para custeio, que financia despesas como a compra de sementes, fertilizantes e outros insumos necessários para manter a produção. O valor destinado ao custeio teve uma redução de 29%, passando de R$ 9,76 bilhões em 2023 para R$ 6,94 bilhões em 2024. Tanto a agricultura quanto a pecuária foram afetadas, com uma diminuição expressiva nas áreas e quantidade de operações financiadas, o que limita o potencial produtivo do setor.
Os recursos destinados à comercialização e à indústria também registraram quedas preocupantes. O crédito para comercialização, que visa facilitar a venda da produção, caiu 34%, enquanto o setor industrial foi ainda mais prejudicado, com uma redução de 68% no valor financiado, caindo de R$ 711,5 milhões para R$ 230,5 milhões. Essa retração no setor industrial, somada à diminuição de 44% na quantidade de operações, representa uma ameaça à manutenção das atividades e à competitividade dos produtores industriais do estado.
Especialistas apontam que o aumento do endividamento dos produtores é um dos principais fatores por trás dessa redução. “O resultado do ano passado foi desfavorável, com uma queda expressiva na rentabilidade dos produtores. Isso gerou um crescimento no endividamento, dificultando o acesso ao crédito neste ano. Os produtores estão recorrendo a fontes de financiamento com juros mais altos, elevando seus custos de produção e, consequentemente, diminuindo a margem de lucro”, explica Leonardo Machado, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg)
Na última semana, representantes da Faeg, lideranças sindicais e produtores rurais se reuniram com técnicos do Banco do Brasil para discutir estratégias que facilitem o acesso ao crédito. “Durante o encontro, mostramos esses dados e buscamos, em conjunto, soluções para melhorar a aplicabilidade do crédito, algo que também é do interesse do Banco do Brasil. Esperamos que, nos próximos meses, esses recursos sejam aplicados de forma mais eficaz”, relatou Leonardo.
Fonte: Mais Goiás
Foto: Ana Paula Belini
Jornalismo Portal Pn7