Após o anúncio do corte de verbas de três universidades e do 30% do orçamento de todas as universidades e institutos, a notícia de que o corte seria em todas as fases do ensino, e não somente no ensino superior, tem confundido a população.
Entenda a situação:
Terça-feira, 30 de Maio: anúncio dos cortes
O ministro da educação, Abraham Weintraub, anunciou, em entrevista ao Estado de S. Paulo, o corte no orçamento em três universidades, a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, também estaria sob avaliação, segundo o ministro.
Na entrevista, o ministro não detalhou os critérios objetivos para o corte, o que causou intensa reação nas redes sociais.
Após diversas declarações de que a atitude seria ideológica e inconstitucional, o MEC informou ao GLOBO, em menos de 12 horas depois da primeira declaração, que o corte não seria apenas nas instituições mencionadas, mas sim para todas as instituições, que, somadas, atingiriam R$ 2,5 bilhões.
“O bloqueio preventivo incide sobre os recursos do segundo semestre para que nenhuma obra ou ação seja conduzida sem que haja previsão real de disponibilidade financeira para que sejam concluídas”, afirmou, também, a nota.
Quinta-feira, 2 de Maio: Para onde a verba iria?
“Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade eu poderia trazer mais dez crianças para uma creche”, declarou o ministro em seu perfil do Twitter.
Sábado, 4 de Maio: O que disse a presidência e o que mostram os dados
Segundo as declarações do atual presidente Jair Bolsonaro (PSL), a quantia bilionária seria investida na educação básica, que compreende o ensino fundamental e médio. “A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é pegar e investir na educação básica”, declarou o presidente.
Segundo os dados públicos, no entanto, todas as áreas do ensino sofreram redução de verbas, incluindo transporte escolar (R$19,7 milhões), merenda escolar (R$ 150,7 mil) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), que teve todo o recurso previsto (R$ 100,45 milhões) bloqueado.
Um total de R$ 146 milhões dos R$ 265 milhões previstos para a construção e obras em unidades do ensino básico foram bloqueados.
Quando questionado sobre os cortes do ensino básico, o MEC respondeu apenas que “ainda não é possível informar quais áreas serão afetadas e nem em quanto”.
Histórico
Em 2016, durante o governo da ex presidente Dilma Rousseff, a educação sofreu um corte de R$ 10,5 bilhões. O ministro da educação na época chegou a falar aos professores que “quem quer dinheiro deve procurar outra profissão”. Em 2017, já no governo de Michel Temer, os cortes anunciados foram de até 45% dos recursos previstos para investimentos nas universidades federais.
Perspectivas
Segundo o MEC, o bloqueio ainda pode ser revisado pela área econômica: “caso a reforma da previdência seja aprovada e as previsões de melhora da economia no segundo semestre se confirmem, pois podem afetar as receitas e despesas da União”.
Thaysa Alves
Foto Capa: Internet
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