Foto: Reprodução

Variação do sorotipo 2 da doença, localizada em Aparecida de Goiânia, é mais virulenta que a dominante atualmente em Goiás. Período chuvoso de 2023 pode ter expansão, caso ela se torne a mais comum em circulação. Ela também está dentro de grupo que representa perigo de casos mais graves.

O genótipo cosmopolita da dengue, encontrado em Aparecida de Goiânia, faz parte do sorotipo 2 da doença, que é o mais virulento de todos. A preocupação de autoridades e especialistas é saber como a linhagem, que é a mais disseminada do mundo, irá se comportar em Goiás no período chuvoso de 2023. Atualmente, o sorotipo 1, considerado o menos virulento, é predominante no estado.

“Além do vetor da doença, que é o próprio vírus, a introdução de um novo genótipo preocupa, pois não sabemos como ele vai reagir e se vai se tornar dominante”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim. “O sorotipo 2 é mais agressivo. Este genótipo (cosmopolita) é mais transmissível que os outros e provavelmente tem uma capacidade de carga viral maior”, destaca o infectologista Marcelo Daher.

A preocupação em relação ao genótipo cosmopolita gira em torno do período chuvoso de 2023, que é quando o número de casos da doença costuma aumentar por conta da proliferação do mosquito aedes aegypti. “Esta descoberta aumenta a preocupação em relação ao ano que vem”, destaca Flúvia.

De acordo com ela, as melhores medidas que o poder público pode tomar para conter uma grande quantidade de registros em 2023 é continuar com o controle do vetor da doença e também promovendo uma vigilância epidemiológica avançada.

“Precisamos controlar e diminuir ao máximo a quantidade de criadouros. Para isso, precisamos da contribuição da população, pois os agentes não podem ir toda semana na casa das pessoas. Também é preciso melhorar a vigilância genômica de arboviroses no Brasil, para que possamos adiantar os possíveis cenários epidemiológicos que teremos.”

A presença do genótipo foi descoberta por meio da Fiocruz em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO). O caso aconteceu em fevereiro. O homem, de 57 anos, já se recuperou completamente, de acordo com a SES-GO. Este genótipo é predominante no mundo. Ele é mais presente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África.

O achado representa o segundo registro oficial deste genótipo nas Américas, após um surto em Madre di Dios, no Peru, em 2019. De acordo com a Fiocruz, análises iniciais mostram que o patógeno detectado no Brasil é semelhante a dois microrganismos isolados durante o surto registrado no Peru. Porém, ainda não é possível dizer que o genótipo cosmopolita foi introduzido no Brasil a partir do país vizinho.

Sorotipos

O genótipo cosmopolita faz parte do sorotipo 2 da dengue, que é suscetível de se evoluir com gravidade, inclusive para dengue hemorrágica. “O vírus tem uma capacidade maior de aumentar a permeabilidade dos vasos sanguíneos. Assim, o sangue extravasa e a pessoa morre de choque hipovolêmico”, esclarece Flúvia. Neste sentido, outra preocupação em relação a esta linhagem é que ela se dissemine de forma mais eficiente do que a linhagem asiático-americana, que atualmente é o genótipo do sorotipo 2 que circula no País e em Goiás.

Neste ano, Goiás registrou uma explosão de notificações de casos de dengue. De acordo com o Painel da Dengue, da SES-GO, já são 13,5 mil notificações nas 15 primeiras semanas epidemiológicas de 2022, uma variação de 301% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, já são 25 mortes confirmadas e 124 em investigação.

Laboratório indica que genótipo não tem relação com cenário atual

Os dados de mapeamento de genomas do vírus da dengue indicam que a nova linhagem não é a responsável pelo aumento de casos em Goiás. De acordo com a Fiocruz, em Goiás, cerca de 60 genomas foram decodificados pelos pesquisadores nas duas primeiras semanas de fevereiro. Metade pertencia ao sorotipo 1 e a outra metade ao genótipo asiático americano, do sorotipo 2. Apenas uma era do genótipo cosmopolita, o que demonstra que ela não tem predominância de circulação até o momento.

Daher afirma que independentemente do genótipo ou sorotipo que esteja circulando, é importante que a população mantenha os cuidados, pois a gravidade dos de dengue não é relacionada somente ao tipo de vírus que está infectando a população. “Normalmente, uma segunda infecção tende a ser mais grave. Agora estamos com predominância do sorotipo 1. Se ano que vem este sorotipo 2 passar a ser predominante e tivermos uma nova epidemia, teremos uma tendência de que os casos sejam mais graves.”

O infectologista explica que isso ocorre por conta da imunidade heteróloga. “No cenário pós infecção, por um determinado momento, os anticorpos adquiridos de um determinado sorotipo, protegem a pessoa de outros. Entretanto, à medida que os anticorpos diminuem, essa imunidade também deixa de existir e passa a haver a facilitação da penetração do vírus de maior gravidade.”

Fonte: O Popular
Foto: Reprodução
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