Os últimos dias têm sido movimentados para Rúbia Carolina Nobre Morais, a Carol, que acaba de ser classificada em primeiro lugar para o curso de Medicina na Universidade Federal de Jataí (UFJ). A história da Carol (@autizando) ganhou notoriedade na mídia pelo fato da jovem ser portadora de TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), conhecido popularmente como autismo – além do autismo em grau leve ela tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Carol é de Buritama, no interior de São Paulo. Filha de uma cerqueiro e uma agente comunitária de saúde, a jovem já é graduada em odontologia, mas teve problemas em seguir com a profissão. A hipersensibilidade sensorial, decorrente do TEA, fez com que Carol não suportasse os ruídos do consultório quando estava em atendimento e acabou abandonando a profissão. Então ela voltou-se para seu maior sonho: “Quero ser neuropediatra e ajudar outros autistas”, afirma Carol.
Carolina já havia sido aprovada para Medicina em faculdades particulares e vendia peças artesanais de crochê com o objetivo de custear as mensalidades. O recurso das vendas não era suficiente para tal, mas pagou as mensalidades de um curso preparatório on-line e os esforços da jovem para os estudos permitiram que ela obtivesse excelente pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) -os 920 pontos na redação lhe garantiram o primeiro lugar no curso de Medicina da UFJ.
Questionada sobre as maiores dificuldades que tem encontrado ao longo da sua vida escolar/acadêmica, a Carol nos contou que não entende metáforas, por isso as explicações para ela precisam ser claras e objetivas. A estudante destacou ainda que pretende se dedicar ao máximo ao curso de Medicina e futuramente ser pesquisadora, mas que as dificuldades para PCD (pessoas com deficiência) são maiores que para as demais.
“A inclusão é a única maneira de abrir as portas e mudar nossas vidas. Sem inclusão, ficamos o tempo todo tentando nos encaixar, sofrendo, sem respaldo”, disse Carolina. A Lei de Cotas que contempla a inclusão no ensino superior (Lei nº 12.711), criada em 2012, não contemplava vagas para pessoas com deficiência, o que só foi regulado pela lei 13.409 de 2016.
Por Estael Lima
Foto capa: Acervo Pessoal
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