Chip da beleza? Veja o que está por trás do novo alerta médico

Chip da beleza? Veja o que está por trás do novo alerta médico

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgaram um novo alerta conjunto sobre o uso de testosterona em mulheres. As entidades reforçam que não existe diagnóstico de deficiência do hormônio que justifique a reposição feminina.

Segundo o documento, a testosterona não sofre queda abrupta com a menopausa. O hormônio apresenta apenas uma redução gradual ao longo da vida adulta. Além disso, não existem valores de referência validados que caracterizem deficiência androgênica feminina passível de tratamento clínico.

Dosagem do hormônio não é recomendada

As sociedades médicas afirmam que não há respaldo científico para a dosagem rotineira de testosterona em mulheres. A prática não deve ser usada para investigar valores baixos ou uma suposta deficiência hormonal.

A recomendação de dosagem ocorre apenas durante a investigação de hiperandrogenismo. Esse quadro envolve excesso hormonal e pode surgir em situações como síndrome dos ovários policísticos, tumores ovarianos ou adrenais, hiperplasia adrenal congênita e síndrome de Cushing.

Indicação restrita e critérios rigorosos

De acordo com as entidades, a única indicação cientificamente reconhecida para o uso de testosterona em mulheres ocorre no tratamento do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). Essa indicação se aplica exclusivamente a mulheres na pós-menopausa.

Mesmo nesses casos, o tratamento exige diagnóstico clínico criterioso e por exclusão. As sociedades destacam que a falta de testosterona não representa causa reconhecida de baixa libido feminina.

Antes de qualquer terapia, os profissionais devem avaliar causas frequentes da redução do desejo sexual. Entre elas estão hipoestrogenismo, síndrome urogenital da menopausa, depressão, outros transtornos psiquiátricos, efeitos de medicamentos — especialmente antidepressivos —, obesidade e fatores psicossociais ou conjugais.

Falta de aprovação e proibição de implantes

As entidades reforçam que não existe formulação de testosterona aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em mulheres no Brasil. Os implantes subcutâneos manipulados não são recomendados. Segundo o alerta, eles apresentam farmacocinética imprevisível e carecem de dados robustos de eficácia e segurança.

O documento também lembra que o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição de testosterona e outros anabolizantes, como gestrinona e oxandrolona, para fins estéticos, melhora da composição corporal, desempenho físico, disposição ou antienvelhecimento, tanto em mulheres quanto em homens.

Riscos do “chip da beleza”

Os chamados “chips da beleza” se enquadram nessas proibições. Esses implantes hormonais, além de não terem indicação permitida no país, oferecem riscos significativos à saúde das mulheres.

Segundo a nota conjunta, o uso inadequado de testosterona pode causar efeitos virilizantes. Entre eles estão acne, queda de cabelo, crescimento de pelos, aumento do clitóris e engrossamento irreversível da voz. O hormônio também pode provocar toxicidade hepática e tumores de fígado.

As entidades alertam ainda para alterações psicológicas e psiquiátricas, infertilidade e repercussões cardiovasculares. Os riscos incluem hipertensão arterial, arritmias, embolias, tromboses, infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e aumento da mortalidade. Também podem ocorrer alterações em exames laboratoriais, como colesterol e triglicerídeos.

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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Gessica Vieira

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