Cerveja no calor: médicos alertam para risco de desidratação
Com o avanço da onda de calor em diversas regiões do país, muitas pessoas recorrem à cerveja gelada para aliviar a sensação térmica. No entanto, especialistas alertam que essa escolha pode não ser a mais adequada para manter o corpo hidratado.
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Embora a bebida traga um alívio momentâneo, o álcool atua como um potente diurético. Ou seja, ele estimula a eliminação de líquidos pelo organismo, o que pode agravar a desidratação em dias muito quentes.
De acordo com médicos, o consumo de bebidas alcoólicas intensifica a produção de urina. Além disso, quando associado à transpiração provocada pelas altas temperaturas, o risco de desidratação se torna ainda maior.
Tecnicamente, o álcool reduz a produção de vasopressina, hormônio antidiurético responsável pela reabsorção de água no organismo. Com isso, o corpo perde líquidos com mais facilidade.
Segundo Luis Fernando Penna, clínico geral e líder do pronto-atendimento do Hospital Sírio-Libanês, a redução da vasopressina não é recomendada durante períodos de calor intenso.
“Por isso ocorre o aumento da diurese após o consumo de álcool. Isso também explica a ressaca do dia seguinte, que é, basicamente, desidratação. Em dias quentes, esse processo se intensifica”, explica.
Quanto maior o teor alcoólico, maior é a queda na produção do hormônio antidiurético. Por esse motivo, bebidas destiladas como gim, rum, tequila, vodka e cachaça representam maior risco.
No entanto, Penna ressalta que essas bebidas costumam ser consumidas em menor quantidade. Isso ocorre porque os sintomas de embriaguez aparecem mais rapidamente.
A cerveja, por outro lado, tem menor teor alcoólico. Dessa forma, o consumo tende a ser mais prolongado e, muitas vezes, exagerado.
Como consequência, a desidratação pode ocorrer por um período mais longo. Esse efeito passa despercebido por muitas pessoas durante momentos de lazer.
É fundamental ficar atento aos sinais de desidratação, especialmente entre idosos. Segundo o médico Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os sintomas mais graves incluem:
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Tontura
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Fraqueza
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Falta de ar
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Escurecimento da visão
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Pele seca
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Desmaios
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Confusão mental
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Urina escura
Além disso, idosos podem apresentar menor percepção de sede, o que agrava o problema.
Em dias de calor intenso, o ideal é evitar bebidas alcoólicas. Em vez disso, recomenda-se o consumo de água, isotônicos e líquidos naturais.
A ingestão média indicada para adultos é de cerca de dois litros de água por dia. Esse valor pode variar conforme o peso e o nível de atividade física.
“Água de coco e sucos naturais também são ótimas opções”, afirma Elisa Rinaldi Nunes, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Para quem não abre mão da cerveja, a recomendação é moderação. No Brasil, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) orienta que o consumo diário não ultrapasse:
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Duas latas de cerveja ou duas taças de vinho para homens
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Uma lata de cerveja ou uma taça de vinho para mulheres e idosos
Além disso, é essencial intercalar o álcool com água.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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