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'Sopa de letrinhas' do câmbio automático pode confundir usuário; saiba como tirar o máximo dele e prolongar sua vida útil...

Cada vez mais popular, muito por conta da explosão das vendas de automóveis para clientes PCD (pessoas com deficiência), o câmbio automático já está disponível para a grande maioria dos modelos comercializados no Brasil.

A tecnologia, que dispensa o pedal de embreagem e troca as marchas por você no trânsito pesado, de fato está mais acessível. Inclusive nos carros de entrada, que praticamente abandonaram a opção de transmissão automatizada de embreagem única para adotar o câmbio automático com conversor de torque, que entrega muito mais conforto e suavidade em seu funcionamento.

Sobretudo marcas japonesas hoje investem na transmissão CVT (continuamente variável), que também dispensa a troca de marchas por não ter marcha: as relações são infinitas, utilizando um sistema de polias – muitas marcas oferecem a opção de trocas virtuais para quem faz questão de ter maior controle do veículo. Essa caixa prioriza a economia de combustível e também será adotada em modelos da FCA (Fiat Chrysler) a partir do ano que vem.

Hoje cerca de 50% dos emplacamentos de veículos novos já são de modelos sem pedal esquerdo e muita gente está comprando seu carro automático pela primeira vez. Portanto, é natural surgirem dúvidas quanto à sua operação. Sabendo disso, consultamos especialistas para apontar o que você deve e o que não é aconselhável fazer ao dirigir um automóvel automático.

É natural surgirem dúvidas quanto à verdadeira “sopa de letrinhas” que esse tipo de câmbio traz: por padrão, conta com as opções “D” (drive, termo inglês para dirigir), “P” (park, estacionar), “R” (reverse, ré) e “N” (neutral, neutro). Sem contar os modos “L” (low, marcha reduzida), “S” (modo esportivo) e outras opções.

Confira as dicas:

Para que serve a função ‘P’?

Na semana passada, Carlos Zarlenga, presidente da General Motors na América do Sul, passou por uma “saia justa” durante a apresentação ao vivo do novo Chevrolet Tracker pela internet. Na ocasião, o executivo não conseguiu abrir a tampa do porta-malas do utilitário esportivo.

Em seguida, a GM explicou que a gafe aconteceu porque um mecanismo de segurança do carro impediu que o porta-malas se abrisse, já que o veículo estava com a alavanca do câmbio automático em ponto-morto (N) e não na posição de estacionamento (P), necessária para o destravamento. Essa condição varia de acordo com a marca e o modelo de veículo.

Mas, afinal de contas, quando a função “P” deve ser acionada?

Essa opção deve ser utilizada ao deixar o veículo em uma vaga. Porém, não se esqueça que ela deve ser combinada sempre com o “freio de mão”. Acione-o e depois selecione “P”.

“Ao desligar o motor, cessa a pressão do sistema hidráulico, o câmbio é desacoplado e uma espécie de pino trava as rodas motrizes”, explica Edson Orikassa, vice-presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).

O freio de estacionamento protege essa trava de possíveis danos causados por uma eventual “encostada” ou até batida de outro veículo no seu carro enquanto ele está parado na vaga.

É diferente de quando você deixa um carro manual engatado com o motor desligado. Nesse caso, é o próprio câmbio que trava as rodas e não usar o freio de estacionamento pode resultar prejuízo com eventuais reparos.

Quando devo colocar o câmbio em ‘N’?

Em carros equipados com câmbio manual, o indicado é colocá-lo em ponto-morto ao parar em um semáforo, por exemplo, para evitar o desgaste prematuro da embreagem, que deve ser acionada somente em arrancadas e na troca de marchas.

Porém, com os veículos automáticos, o procedimento deve ser diferente. De acordo com Camilo Adas, presidente do Conselho Executivo da SAE Brasil, a função “N”, correspondente ao “ponto-morto”, foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas que tracionam o veículo.

“Não coloque o câmbio automático em neutro enquanto você aguarda o sinal abrir. Mantenha na posição “D” com o pé no freio, pois isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e permite arrancar com mais rapidez”, ensina o especialista.

Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível. Nesse caso, o projeto prevê o recurso e a segurança não é prejudicada.

Rodar na ‘banguela’, nem pensar

Um hábito prejudicial é andar na “banguela” com a expectativa de poupar combustível. A prática não faz o carro beber menos e ainda compromete a segurança, bem como traz risco de danos à transmissão.

“Colocar o câmbio em neutro na verdade faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com a transmissão em “D”. Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando”, explica Orikassa.

Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em “N” ainda traz risco de acidentes. “Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência”, esclarece o especialista.

Adas complementa: “Deixar o carro rodar em neutro e voltar para a posição “D” com o veículo ainda em movimento pode até danificar uma ou mais engrenagens do câmbio”, alerta o engenheiro.

Para que servem as funções ‘N’, ‘2’, e ‘3’?

Em declives, como já dissemos, o correto é manter a transmissão na função “D”. Além disso, em veículos que permitem fazer trocas manuais, é possível reduzir a marcha. Também há carros com as opções “2” ou “3” no seletor. Adas ensina que esses números correspondem, respectivamente, à segunda e à terceira marchas.

“Ao deixar o câmbio na posição ‘2’ ou ‘3’, ele não passa dessas marchas, mantendo o motor ‘cheio’ e reforçando o efeito do freio-motor, ajudando a controlar o veículo na descida”.

Alguns veículos trazem, ainda, a função “L”. “A marcha reduzida também é útil para manter marchas mais curtas e os giros mais altos. É uma função importante para atravessar um lamaçal, para rebocar outro veículo e até quando é preciso transpor uma área alagada, na qual é necessário rodar em baixa velocidade e com rotações elevadas para não deixar o motor ‘morrer'”, recomenda Orikassa.

Alguns modelos também trazem a função “S” para deixar o comportamento do carro mais esportivo. Nessa posição, as trocas de marchas acontecem um pouco mais tarde, com os giros mais altos. Isso melhora a aceleração, porém gasta mais combustível.

Transmissão requer troca de óleo?

Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção regular e essa crença pode gerar prejuízos pesados se a transmissão quebrar. Especialmente na configuração dotada de conversor de torque e engrenagens, o câmbio, da mesma forma que outros componentes mecânicos, requer lubrificação.

As especificações e os prazos para troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. A troca do óleo, inclusive, pode ser antecipada dependendo das condições de uso do automóvel.

“O lubrificante tem a função de reduzir o atrito e o calor gerado nas engrenagens e outros componentes internos. Com o uso e o passar do tempo, o óleo vai perdendo as propriedades originais e deve ser trocado”, diz Adas.

De acordo com o engenheiro, nos carros atuais os prazos para substituição do fluido são bastante longos, mas não dá para descuidar.

“Dependendo do caso, você pode rodar três, quatro anos sem perceber que o câmbio está com falta de lubrificação. Com isso, há desgaste de engrenagens. Qualquer resíduo metálico resultante desse desgaste prematuro, mesmo que de ordem microscópica, traz características abrasivas capazes de afetar borrachas de vedação e retentores, causando vazamento e agravando o problema”.

Fonte: UOL
Jornalismo Portal Panorama
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