Menopausa e Bexiga: Entenda por que os sintomas urinários aumentam nesse período
corpo feminino muda em silêncio, e a menopausa é um dos momentos em que essa transformação se manifesta de forma mais intensa. Ondas de calor, alterações de humor e ganho de peso costumam ser os sinais mais lembrados. No entanto, há uma outra mudança, menos comentada e muitas vezes vivida em segredo: as alterações urinárias. Escapes de urina ao rir ou tossir, vontade súbita de correr ao banheiro e infecções urinárias recorrentes tornam-se queixas frequentes no climatério.
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Mas por que isso acontece?
O estrogênio, hormônio essencial à saúde feminina, não atua apenas nos ovários. Ele mantém a mucosa vaginal e uretral espessa, lubrificada e protegida contra microrganismos, além de influenciar diretamente o equilíbrio da microbiota íntima. Quando a produção desse hormônio cai, a região perde sua barreira natural de proteção, tornando-se mais suscetível a irritações e infecções.
A explicação médica
De acordo com o urologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Alexandre Sallum Bull, o resultado da queda hormonal é um ambiente propício para infecções urinárias de repetição, sensação de ressecamento, ardência e até dor durante as relações sexuais. Além disso, o enfraquecimento do assoalho pélvico — estrutura muscular que sustenta a bexiga e controla o fluxo urinário — contribui para os escapes involuntários e a urgência urinária.
Esses sintomas não afetam apenas o corpo, mas também a autoestima e a liberdade das mulheres. “O efeito dominó na qualidade de vida é profundo. Uma bexiga hiperativa, que desperta várias vezes à noite, compromete o sono. O medo de perder urina em público gera insegurança para usar roupas claras ou praticar atividades físicas. A dor e o ressecamento afetam a vida sexual. Pouco a pouco, a mulher se adapta, evita situações e reduz sua liberdade, como se fosse natural abrir mão de prazeres e autonomia. Mas não é”, alerta o especialista.
Mais do que envelhecimento: um desequilíbrio que tem tratamento
É comum acreditar que esses sintomas fazem parte natural do envelhecimento, mas não é verdade. Eles resultam de alterações biológicas específicas, frequentemente agravadas por fatores como gestações anteriores, partos vaginais, cirurgias ginecológicas, ganho de peso, sedentarismo e estresse crônico. Tudo isso sobrecarrega a bexiga e altera seu funcionamento, intensificando as queixas urinárias.
Tratamentos e novas abordagens
A boa notícia é que a medicina moderna oferece soluções eficazes para lidar com esses sintomas. A reposição hormonal local pode regenerar a mucosa vaginal e uretral, devolvendo lubrificação e proteção natural. A fisioterapia pélvica fortalece a musculatura, ajudando a recuperar o controle urinário. Já tecnologias como laser íntimo e radiofrequência estimulam a produção de colágeno e melhoram a sustentação da região.
Nos casos mais persistentes, a aplicação de toxina botulínica na bexiga pode ser indicada, atuando como uma espécie de “reset” para controlar as contrações involuntárias e reduzir a urgência urinária.
Falar é o primeiro passo
Falar sobre problemas urinários na menopausa é falar de dignidade. É abrir espaço para que as mulheres compreendam que esses sintomas são comuns, mas não são normais. São sinais de que o corpo mudou — e que merece cuidado, atenção e tratamento adequado.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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