Beber só no fim de semana também faz mal

Beber só no fim de semana também faz mal

O consumo de álcool, mesmo quando ocorre apenas em bebedeiras ocasionais, pode trazer riscos significativos ao organismo — fato que surpreende muitas pessoas que acreditam que beber apenas em finais de semana ou datas especiais não causa impacto relevante na saúde. Especialistas reforçam que, ainda que a frequência seja baixa, os efeitos do álcool começam no momento em que ele entra no corpo e podem gerar consequências tanto a curto quanto a longo prazo.

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Três taças de vinhos e um drinque no fim de semana já configuram esse tipo de consumo. Autoridades de saúde classificam como excesso quatro ou mais bebidas para mulheres e cinco ou mais para homens em uma única ocasião. A maioria das pessoas já sabe que exagerar na bebida com frequência é prejudicial, mas cresceu a dúvida: e quando alguém bebe pouco, raramente ou quase nunca? Ainda assim há riscos?

Riscos no longo prazo

Quando o álcool chega ao organismo, ele é convertido em acetaldeído, substância tóxica capaz de danificar o DNA de partes importantes do corpo, como boca, garganta, fígado, cólon e mamas. Cada reparo feito pelo organismo pode gerar mutações que aumentam o risco de ao menos sete tipos de câncer.

Segundo Denis M. McCarthy, professor da Universidade do Missouri, grande parte desses danos surge após anos de repetição. Uma única noite de bebedeira dificilmente causará câncer, explica o pesquisador Michael Siegel, da Universidade Tufts. No entanto, ainda faltam estudos que avaliem os efeitos do consumo excessivo esporádico ao longo de décadas.

Além disso, o álcool é uma substância viciante. Se uma noite intensa de bebida se torna hábito, o risco de doenças crônicas aumenta de forma expressiva.

Riscos imediatos

A curto prazo, beber em excesso ocasionalmente pode desencadear problemas sérios, como a chamada síndrome do coração de feriado — frequente nas celebrações de fim de ano. O álcool pode alterar os sinais elétricos do coração e provocar fibrilação atrial, condição que eleva o risco de derrame ou insuficiência cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão ou acima dos 65 anos.

Embora a maioria dos episódios melhore em até 24 horas, batimentos irregulares acompanhados de dor no peito ou tontura exigem atendimento imediato.

Outro ponto crítico é o comportamento. Durante festas e feriados, acidentes de trânsito relacionados ao álcool aumentam consideravelmente. Em dezembro de 2022, os Estados Unidos registraram o maior número de mortes por direção alcoolizada em 15 anos. McCarthy explica que o álcool afeta áreas do cérebro responsáveis pela tomada de decisão e autocontrole, o que faz com que muitas pessoas não percebam o quão embriagadas realmente estão.

Como beber com mais consciência

Mesmo quem pretende beber mais do que o habitual pode adotar estratégias para reduzir — embora não eliminar — os riscos. Entre as principais orientações estão:

Coma antes de beber:
Manter o estômago cheio retarda a absorção do álcool e dá mais tempo ao fígado para processá-lo.

Hidrate-se constantemente:
Intercalar água ou bebidas não alcoólicas ajuda na hidratação e pode diminuir a ressaca.

Não acredite no mito do vinho “saudável”:
Pesquisadores reforçam que vinho, cerveja ou destilado têm o mesmo efeito no organismo: todos se transformam em acetaldeído.

Conheça seus limites:
Quem bebe raramente tem tolerância menor, o que facilita comportamentos arriscados sem que a pessoa perceba.

Evite a ilusão de “ficar sóbrio rápido”:
Café, banho frio ou pílulas não aceleram o processo de sobriedade. Apenas o tempo é capaz de normalizar o corpo.

A orientação dos especialistas é clara: para além da frequência, a quantidade consumida em uma única ocasião já é capaz de gerar impactos no corpo. Informação e cautela são ferramentas essenciais para reduzir danos.

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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Gessica Vieira

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