Queda nos preços e estimativas de quebra na safra 2023-2024, por problemas climáticos, impactaram diretamente em melhorias e compra de terras.

A queda nos preços dos produtos agropecuários e as estimativas de uma quebra significativa nesta safra 2023-2024, por conta de problemas climáticos na época do plantio, impactaram diretamente a rentabilidade do produtor rural. “Os preços baixos e custos altos reduziram muito a capacidade de investimento do produtor, seja para a aquisição de maquinário, fazer melhorias na propriedade ou compra de terras”, ressalta o assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado (Faeg), Leonardo Machado.

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Ele lembra que o setor teve duas safras de altíssima rentabilidade. Agora, vive um período de duas safras com a volta de valores anteriores e ganhos bem menores. Machado admite que os produtores também estão inseguros em relação a aspectos de legislação e evitam fazer investimentos neste momento. “Mas isso é constitucional e ainda teremos de observar o andamento que será dado”, explica o assessor da Faeg.

Para ele, o fator que mais contribui para esta desaceleração atual do mercado de terras é mesmo a questão financeira. “Temos dois fatores que provocam uma tempestade perfeita sobre a capacidade de investimentos: a queda nos preços e a menor produtividade”, destaca Leonardo Machado. Ele dá o exemplo da saca de soja, cujo preço caiu de R$ 150 para R$ 100 num curto período de tempo.

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Comprometimento

O corretor de imóveis rurais Neto Rodrigues, de Catalão, lembra que, neste momento de baixa remuneração, muitos produtores ainda estão comprometidos com o pagamento de terras e equipamentos adquiridos nos últimos anos. Por outro lado, alguns pouco muito capitalizados estariam aproveitando o momento de preços mais baixos para comprar.

“Acho que no ano que vem o deságio será maior ainda”, prevê Rodrigues. Isso porque a oferta de grãos disponíveis para negociação de terras deve ser menor por causa da previsão de quebra na safra.

Mesmo com uma expectativa de produção menor, ele acredita que os preços das commodities ainda não reagiram porque os relatórios americanos, que balizam o mercado, não contabilizam esta perda. “Há muita insegurança em relação ao mercado e comprar terras é um compromisso muito grande e sério, que exige certeza. Quando o mercado enxergar a realidade e a quebra ficar mais visível, os negócios de grãos, equipamentos e terras poderão começar a reagir”, prevê Neto Rodrigues.

Medo

O corretor Aliton Fabrício, de Iporá, acredita que as terras para agricultura foram mais afetadas que as da pecuária, pois o fator climático afeta pouco o preço da arroba do boi, que é mais impactado por oferta e demanda. Mas, para ele, a questão climática afeta mais a curto prazo. “As pessoas estão com medo de fazer negócio, de investir, com medo de vender e de comprar pela insegurança em relação ao governo atual, com medo da coisa piorar pra frente. Há muita insegurança hoje porque ainda não se sabe como ficará a economia”, explica.

Vale lembrar que a queda nos preços de terras é um fenômeno generalizado no País. A Terra Santa Propriedades Agrícolas, com sete fazendas no Mato Grosso, enviou um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no final do último mês de janeiro, informando que um laudo de avaliação realizado pela S&P Global, em novembro do ano passado, estimou o valor de suas propriedades em R$ 2,99 bilhões, um resultado R$ 700 milhões menor que os R$ 3,63 bilhões avaliados cerca de um ano antes. O motivo seria a oscilação negativa no preço da saca de soja no mercado.

A Scot Consultoria vê preços das terras agrícolas no País até mais baixos em 2024 e manutenção do quadro de baixa liquidez, por conta de um cenário de margens apertadas para os produtores, inibindo os compradores e a expansão de áreas. Mas, para quem tem caixa disponível, pode ser um momento propício e de oportunidades.

Fonte: O Popular
Foto: Diomício Gomes
Jornalismo Portal Panorama

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