Apesar do clima do Carnaval, O biomédico Jonathan Vicente, ficou assustado com a repercussão de uma postagem que fez em seu Twitter:
GENTE coloquem uma coisa na cabeça de vocês, ENGOV é pra DEPOIS e não ANTES da bebedeira. Tá okei? Não quero ninguém entrando em coma alcoólico.
— Jonathan Vicentt (@JonathanVicent) February 17, 2020
Em pouco menos de 24 horas, o texto tinha recebido mais de 35 mil curtidas, 6 mil compartilhamentos e mil comentários. “Percebi que amigos e conhecidos tinham o costume de tomar alguns medicamentos antes de beber álcool. Outros possuíam dúvidas em relação ao tema. Para piorar, algumas marcas aproveitam esse momento de Carnaval para incentivar o consumo de seus produtos”, conta Vicente.
O lembrete do biomédico faz todo sentido: por causa de muitas propagandas, lendas urbanas ou recomendações ultrapassadas, as pessoas acabam fazendo combinações pra lá de perigosas. A meta, na maioria dos casos, é evitar ou minimizar o efeito da ressaca no dia seguinte. Afinal, ninguém quer acordar depois da festa com dor de cabeça, tontura, náuseas e vômitos. Só que isso pode colocar a saúde em risco, como esclareceremos mais pra frente.
Se você está com pressa e precisa correr para desfilar na avenida, pular no bloquinho ou ir atrás do trio elétrico, aqui vai um resumo de recomendações para não dar mancada com a sua saúde durante o Carnaval:
- Nunca tome remédios antes ou durante a bebedeira.
- Forre o estômago: coma algo saudável e equilibrado minutos antes de cair na festa.
- Capriche na hidratação: tome goles d’água entre um drinque e outro.
- Evite os excessos: exagerar nas doses pode ser prejudicial para sua saúde e para o seu próprio divertimento.
- Respeite seus limites: se estiver com vontade de vomitar ou muita sonolência, já passou da hora de largar o copo ou a latinha.
- Álcool e direção não combinam. Se for beber, deixe o carro em casa.
- Se a ressaca aparece no dia seguinte, você pode utilizar alguns medicamentos para aliviar a dor e as náuseas. Repouso também é sempre bem-vindo.
- Caso os sintomas estejam mais severos, procure um pronto-socorro com rapidez.
Se você tem um tempinho a mais, vem com a gente que explicaremos com mais detalhes esse assunto nos próximos parágrafos.
A viagem da bebida alcoólica pelo tubo digestivo
Para entender essa história direitinho, precisamos dar um passos atrás e explicar o efeito de cerveja, uísque e afins no corpo. O álcool passa pelo sistema digestivo e é absorvido no estômago e no intestino. A partir daí, cai na corrente sanguínea e começa aos poucos a produzir as sensações mais conhecidas, como o relaxamento, a desinibição, a leveza e a confusão mental.
Quem fica responsável por metabolizar esse álcool ingerido é o fígado. Esse órgão trabalha duro para quebrar as moléculas etílicas e eliminá-las rapidamente por meio da urina, do suor e do hálito — é daí, aliás, que vem o famoso bafo de bêbado!
“O álcool tem um efeito diurético que promove as idas ao banheiro para urinar. Ele ainda estimula a liberação das reservas de glicogênio do fígado. Quando há exagero, esses dois fenômenos levam à desidratação e quadros de hipoglicemia”, descreve o médico Raymundo Paraná, professor titular de hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia e presidente da Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado.
Se você exagera na dose, o corpo vai dar dois sinais de que é preciso pegar leve ou pisar no freio: vômito e sonolência. São evidências claras de que a festança passou dos limites toleráveis pelo organismo.
Como se sabe, a ressaca dá as caras no despertar do dia seguinte, como resultado de toda essa bagunça. A desidratação e a falta de glicose dão dor de cabeça, enjoo, sonolência e todos os outros sintomas tão comuns numa Quarta-Feira de Cinzas.