A curiosa história do padroeiro do café e das pessoas feias
Pouco lembrado fora de comunidades devotas, São Drogo é uma das figuras mais curiosas da história religiosa. Conhecido como o padroeiro do café e das pessoas feias, ele viveu na França entre os séculos XI e XII e se destacou pela fé, humildade e vida de penitência. Sua trajetória, marcada por milagres, isolamento e devoção, atravessou séculos e hoje inspira desde baristas até pessoas que enfrentam desafios com autoestima e aparência física.
Vida de fé e renúncia
Nascido em Epinoy, no norte da França, em 1105, São Drogo de Sebourg — também chamado de Dreux ou Drugo — ficou órfão ainda bebê. Na adolescência, ao descobrir que a mãe havia morrido ao dá-lo à luz, decidiu dedicar a vida à penitência. Distribuiu os bens da família e passou a viver como peregrino, pastor e eremita.
Relatos populares mencionam que ele possuía o dom da bilocação, a suposta capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Aldeões afirmavam vê-lo participando da missa na vila enquanto cuidava das ovelhas no campo.
Doença e isolamento
Com o passar dos anos, São Drogo desenvolveu uma doença que provocou feridas e deformações no rosto e no corpo. A aparência causava estranhamento em algumas pessoas e, para evitar constrangimentos, ele se recolheu a uma pequena cela anexa à igreja de Sebourg. De lá, ouvia as missas por uma janelinha e continuava a dedicar horas à oração, além de aconselhar quem o procurava.
Mesmo isolado, sua bondade e humildade eram amplamente reconhecidas. Moradores relatavam que ele teria sobrevivido a um incêndio na igreja sem sofrer qualquer ferimento, reforçando sua fama de santidade. Ele permaneceu enclausurado por mais de quatro décadas, até morrer entre 1186 e 1189.
Milagres e devoção popular
Após sua morte, diversos milagres foram atribuídos à sua intercessão. O corpo permaneceu em Sebourg, fato interpretado por devotos como “vontade divina”. A devoção ao santo cresceu com o tempo, e ele passou a ser reconhecido como protetor de pastores, agricultores, doentes e mulheres grávidas. Entretanto, foi como padroeiro das pessoas feias que São Drogo se tornou símbolo de aceitação e fé além das aparências.
Padroeiro do café
A associação entre São Drogo e o café surgiu séculos mais tarde. Com o surgimento das primeiras cafeterias na Europa, ele passou a ser visto como protetor de trabalhadores rurais e de quem lida com alimentos e bebidas. Assim, baristas e donos de cafeterias adotaram São Drogo como seu patrono. Em algumas regiões da França e da Bélgica, é comum encontrar imagens do santo em estabelecimentos dedicados ao café.
Um exemplo de fé e humildade
Celebrado em 16 de abril, São Drogo permanece como referência de simplicidade, serviço ao próximo e aceitação pessoal. Sua história, marcada por renúncia e devoção, atravessa séculos e continua ecoando na fé de comunidades religiosas, na vida de quem enfrenta desafios de autoestima e até no cotidiano de cafeterias.
Share this content:

