A necessidade era urgente. Historicamente, produtores de leite e da indústria de produtos lácteos viviam em constante conflito. Isso porque o produtor rural vendia seu produto sem saber previamente o que seria pago por ele. O valor só era determinado cerca de 45 dias após a venda. Muitas tentativas de negociação foram iniciadas, entretanto nunca uma solução concreta foi assumida. O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com a participação do Instituto Mauro Borges (IMB), assumiu a intermediação do diálogo entre a indústria de laticínios e os produtores de leite, garantindo o entendimento entre as partes. Nesta sexta-feira, dia 20, os resultados obtidos com a criação da Câmara de Conciliação da Cadeia Láctea do Estado de Goiás, que inclui representantes do governo, da indústria e dos produtores rurais, foram apresentados.
“Chegamos a uma metodologia que traz ao produtor rural uma perspectiva real do que ele deve gastar e como ele deve organizar as suas finanças, ao mesmo tempo que também auxilia as indústrias a definirem o que podem pagar, dentro das limitações de mercado”, comemorou o governador Ronaldo Caiado.
Caiado destacou que a ampliação da produção láctea é fundamental para o Estado, que já foi o 2º maior produtor de leite do país e hoje ocupa o 4º lugar no ranking nacional. Segundo ele, garantir dignidade ao produtor rural é um compromisso de sua gestão e o Estado tem a função de buscar o equilíbrio, uma vez que “são dois pilares que se interagem [indústria e produtores rurais], dois setores que são congruentes”.
Após determinação do governador, as discussões sobre o tema foram iniciadas e, a partir de uma análise profunda de mercado, realizada pelo Instituto Mauro Borges, foi criado um índice de referência para os preços com base em uma cesta pré-definida de produtos. “Foi um trabalho sério e comprometido do governo, com muita transparência, apresentando índices de mercado que vão certamente dar respaldo para que as indústrias de laticínios e os produtores de leite possam se fortalecer cada vez mais no Estado de Goiás”, ressaltou o titular da Seapa, secretário Antônio Carlos Neto.
Para o deputado federal e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás – Faeg, José Mário Schreiner, a criação da Câmara de Conciliação da Cadeia Láctea do Estado de Goiás e a definição de um índice de referência foi decisiva para o setor e o governo teve papel determinante. “Em certos momentos, a presença do governo é fundamental porque ela sempre tende a buscar o equilíbrio”, observou.
Cadeia produtiva
Atualmente, o Estado possui 70 mil produtores de leite. Para o deputado estadual Amauri Ribeiro (Patriota), que participou da solenidade representando os produtores rurais, a definição de um índice que regulamenta um indicativo de preço é uma grande conquista para toda a cadeia produtiva. “Eu acredito que isso, hoje, é uma das nossas maiores conquistas. O que nós queremos, os produtores, é ter estabilidade, é ter condição de planejar o amanhã, sem uma queda brusca [de preços], e também sem nenhuma subida brusca”, explicou.
De acordo com o presidente do Sindileite, Alcides Augusto, a ideia é que os varejistas também sejam incluídos na discussão em um próximo momento, ampliando ainda mais o diálogo. A cesta de produtos que deu origem ao índice inclui leite uht integral, leite em pó integral, queijo muçarela em barra, leite condensado e creme de leite a granel. O cálculo leva em consideração os preços defendidos pela indústria atacadista. Os números serão publicados mensalmente em um boletim de mercado do setor lácteo goiano.
Diagnóstico
Durante a solenidade foi lançado oficialmente pela Faeg o Diagnóstico da Cadeia do Leite de Goiás, que demonstra a ampliação dos resultados em diversos segmentos relacionados à produção leiteira no Estado. Na ocasião, o governador Ronaldo Caiado assinou a instrução normativa para regulamentação do Selo Arte, que vai regularizar a produção artesanal de produtos lácteos em Goiás, garantindo qualidade e sanidade.
Estiveram presentes a secretária de Estado da Economia, Cristiane Schmidt; o superintendente Federal de Agricultura em Goiás, José Eduardo de França; os presidentes José Essado (Agrodefesa), Pedro Leonardo (Emater) e Vanusa Valadares (Ceasa); o diretor executivo do Instituto Mauro Borges, Cláudio Nogueira; os presidentes Joaquim Guilherme (Fundo de Desenvolvimento da Pecuária em Goiás – Fundepec), Bartolomeu Braz (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás – Aprosoja), Tasso Jayme (Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura – SGPA); e o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, Dirceu Borges.
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