Saiba como será a Butanvac, a 1ª vacina brasileira contra a Covid-19

A vacina brasileira contra a Covid-19, Butanvac, possui o vírus inativado da doença de Newcastle (Foto: Divulgação/Governo de São Paulo)

O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira (26) que irá solicitar permissão à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar testes clínicos em abril...

Nesta sexta-feira (26), o Instituto Butantan anunciou que irá solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar em abril testes clínicos de fase 1 e 2 para desenvolver a ButanVac, a primeira vacina 100% brasileira contra a doença.

Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta, o diretor do Instituto, Dimas Covas, afirmou que o pedido de liberação para o começo da fase 1 será feito ainda hoje à agência. Um total de 40 milhões de doses do imunizante, que utiliza um vetor viral inativado, serão distribuídas a partir de julho.

“Os resultados dos testes pré-clínicos se mostraram extremamente promissores, o que nos permite evoluir para testes em voluntários já agora no próximo mês de abril, desde que a Anvisa assim autorize. E eu tenho certeza, Dimas, que ela assim o fará”, afirmou na coletiva o governador de São Paulo, João Doria. “Estamos diante de uma tragédia. Temos que superar a burocracia em nome da vacina, da saúde, da vida.”

Como funciona a Butanvac?

Segundo o presidente do Butantan, a ButanVac irá utilizar a mesma tecnologia que atualmente é usada em vacinas da gripe, também desenvolvidas pelo instituto. No caso, o imunizante possui um vírus inativado da Doença de Newcastle, uma gripe aviária que não afeta humanos.

Chamado de APMV-1, o vírus da doença será usado como vetor para transportar a proteína spike do coronavírus integralmente. Assim, uma resposta imune será gerada na pessoa vacinada, que deve produzir anticorpos contra o vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19.

Curiosamente, a vacina Oxford/AstraZeneca possui um princípio semelhante ao que terá a ButanVac, pois utiliza um adenovírus de chimpanzés modificado, chamado de ChAdOx1, para que se produza uma resposta imune.

De acordo com Covas, a nova vacina também será feita com base em estudos da variante P.1, a cepa de Manaus – mais transmissível e possivelmente mais letal. Dessa forma, a ButanVac pretende combater a segunda onda da pandemia, garantindo eficácia contra variantes do Sars-CoV-2.

Além disso, a vacina brasileira possui a vantagem de ter como princípio um vírus inativado por uma doença que não afeta humanos. Isso pode trazer maior segurança do ponto de vista de efeitos colaterais. E mais: como o seu vetor é criado dentro de ovos embrionados, isso aumenta a rapidez na produção do imunizante, sem necessidade de importar insumos.

O que falta para começar a vacinação?

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a ButanVac já foi aprovada por testes pré-clínicos, que foram feitos em animais para verificar sua toxicidade e aparição de efeitos positivos. Agora, o começo dos testes clínicos depende do pedido de autorização que será encaminhado à Anvisa, referente às fases 1 e 2 de testes.

Nessas duas primeiras fases, são avaliados dois fatores principais: segurança e capacidade de se promover uma resposta imune com 1,8 mil voluntários. Por último, na fase 3, a ser realizada com até 9 mil indivíduos, será estipulada a eficácia do imunizante.

O que ocorre depois é que a proteção recebe um registro sanitário e entra em fase 4, quando a vacina é finalmente disponibilizada à população e seus efeitos são monitorados em larga escala.

Segundo o presidente do Butantan, a experiência adquirida desenvolvendo vacinas no último no ano permitirá que a rodada de testes da ButanVac seja acelerada para atender ao cronograma que prevê a distribuição em julho. Covas afirmou ainda que a produção nacional da ButanVac irá começar em maio, nas instalações do Butantan, quando a fabricação de vacinas para vírus influenza, da gripe, terminar.

“Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso e sabemos que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico”, explica Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Butantan.

O desenvolvimento da ButanVac é uma iniciativa de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan faz parte, ao lado de instituições científicas do Vietnã e da Tailândia, onde também serão realizados testes com a vacina. Na Tailândia, a fase 1 dos ensaios já começou.

ButanVac X CoronaVac

O Instituto Butantan garantiu que o desenvolvimento da ButanVac “não afetará a parceria do Butantan com a [biofarmacêutica] Sinovac, nem causará alterações no cronograma de envio de insumos da China para a CoronaVac”, a vacina chinesa.

O imunizante da Sinovac também é produzido em parceria com a entidade brasileira, que entregou nesta quarta-feira (24) uma nova remessa de 2,2 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde. Isso faz com que o total entregue chegue a 27,8 milhões.

“O instituto entende a necessidade de ampliar a capacidade de produção de vacinas contra o coronavírus e da urgência do Brasil e de outros países em desenvolvimento de receberem o produto de uma instituição com a credibilidade do Butantan”, diz comunicado do instituto.

Fonte: Revista Galileu
Foto: Divulgação/Governo de São Paulo
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