À medida em que os meses passam e mais pessoas são vacinadas contra a Covid-19, os cientistas conseguem reunir novas informações para montar o quebra-cabeças sobre como se constrói a imunidade contra o coronavírus.
Estudos mostram que a quarta dose da vacina, ou segundo reforço, aumenta significativamente a proteção contra a doença em idosos ou pessoas com condições pré-existentes que atrapalham a resposta imunológica. No entanto, ainda não há evidências que apoiem a aplicação para toda a população.
No Brasil, o Ministério da Saúde indica o segundo reforço apenas para idosos e pessoas com 12 anos ou mais com condições ou doenças que comprometem o sistema imunológico, como, por exemplo, os transplantados, as pessoas que vivem com HIV, em tratamento para câncer ou que usam medicamentos imunossupressores.
Para essas pessoas, o reforço deve ser aplicado no intervalo de quatro meses após a terceira dose (primeiro reforço).
“A proteção oferecida pela vacina diminui com o tempo e, a partir do momento que temos outras variantes – como é o caso da Ômicron – precisamos recuperar essa proteção. Isso se faz por meio da segunda dose de reforço”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.
Uma pesquisa encomendada pelo governo do Reino Unido, publicada esta semana na revista científica Lancet Infectious Diseases, trouxe evidências de que a quarta dose das vacinas de mRNA – Pfizer/BioNTech e Moderna – é benéfica para o grupo com idades entre 50 e 80 anos. Os imunizantes aumentaram em 2,2 vezes os anticorpos e em até sete vezes a quantidade de células T dos vacinados.
Outro estudo, realizado em Israel, mostrou que os idosos que receberam o segundo reforço com a vacina Pfizer/BioNTech tiveram uma taxa de mortalidade pela doença 78% menor do que aqueles que receberam apenas um.
Pessoas mais jovens devem ser vacinadas?
As agências de saúde da União Europeia afirmaram, em uma declaração conjunta de abril, que não há evidências de que a proteção vacinal contra quadros graves de Covid esteja diminuindo significativamente em adultos com sistema imunológico normal.
Por esse motivo, de acordo com as autoridades sanitárias, a aplicação da uma nova dose não se justificaria. O posicionamento pode mudar, entretanto, se a situação epidemiológica mudar.
A limitação de doses para populações de todo o mundo, especialmente nos países de baixa e média renda, onde os índices de vacinação continuam muito aquém dos países ricos, é um dos motivos usados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para recomendar apenas o esquema primário para toda a população, ou seja, as duas doses indicadas em bula mais o primeiro reforço.
A OMS espera atingir a meta de imunizar 70% de todo o mundo até o fim do primeiro semestre.
“A prioridade global é alcançar a proteção total dos grupos de prioridade mais alta em todos os países com séries primárias e uma dose de reforço e avançar para grupos de uso de prioridade mais baixa à medida que a oferta e a capacidade do programa avançam”, informou a OMS em nota.
A OMS afirma que o uso extensivo de múltiplas doses de reforço em um pequeno número de países não encerrará a pandemia e nem evitará o surgimento de novas variantes.
Por Bethânia Nunes
Foto: Gustavo Alcântara/Metrópoles
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