Dor crônica atinge quase metade dos brasileiros e compromete saúde física e emocional

Quase metade dos brasileiros convive com a dor crônica, segundo dados do Ministério da Saúde, e o problema vai além do físico, atingindo também a saúde emocional. Diferente da dor aguda, que é temporária e serve como mecanismo de proteção do organismo, a dor crônica é considerada uma doença em si, exigindo acompanhamento médico e investigações específicas sobre suas causas.
A confeiteira Roberta Sandes, 53 anos, convive há oito anos com a fibromialgia, doença que provoca dores difusas no corpo. “Dói tudo! Meus ossos, juntas… Ficar com uma sensação de estar sempre cansada todos os dias é muito difícil, afeta o meu dia a dia”, relata. Mesmo com as dificuldades, ela evita o uso frequente de medicamentos. “Os remédios são muito fortes e me deixam sonolenta. Tomo apenas algo para dores musculares, para amenizar”, explica.
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De acordo com o Ministério da Saúde, 36,9% da população brasileira acima dos 50 anos sofre com dores crônicas. Para a médica Mércia de Sousa, especialista em Medicina da Dor e professora do IDOMED, a evolução para o quadro crônico depende tanto da doença quanto dos cuidados que se tem com ela. “Uma enxaqueca não controlada pode se tornar crônica. Mas há condições, como a fibromialgia, em que a dor se manifesta com maior intensidade e por mais tempo devido à alteração na modulação da dor no corpo”, esclarece.
O sofrimento, no entanto, não se limita ao físico. A dor crônica frequentemente gera impactos emocionais, prejudicando a rotina pessoal e profissional. “Não consigo mais produzir os meus bolos como antes, nem dormir com qualidade. Isso me deixa irritada e incapaz de realizar atividades, como se tudo tivesse perdido a qualidade que tinha antes”, lamenta Roberta.
A médica destaca que o acolhimento e a compreensão são fundamentais para quem convive com a dor. “O paciente se sente discriminado e, muitas vezes, incompreendido, o que abre portas para a depressão. Sempre digo que entendo e respeito a dor que eles sentem. É essencial que se sintam valorizados e compreendidos”, afirma Mércia.
O tratamento da dor crônica deve ir além das medicações. Estratégias multidisciplinares, que envolvem médicos da dor, fisioterapeutas, psicólogos, acupunturistas e até profissionais de educação física, são recomendadas. Além disso, práticas como musicoterapia, meditação, caminhada, momentos de lazer e a fé pessoal podem auxiliar no controle do problema.
“É preciso olhar para o paciente de forma integral. A empatia e o acolhimento das pessoas ao redor são tão importantes quanto as terapias clínicas. Viver com dor crônica é desafiador, mas há caminhos para melhorar a qualidade de vida”, conclui a especialista.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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