26 de dezembro de 2024
Crise hídrica em Goiás será a mais crítica dos últimos anos, alerta Andréa Vulcanis

Rio Meia Ponte: este ano, o manancial entrou no nível de atenção em relação à vazão cerca de 50 antes do que ocorreu em 2023: risco hídrico está agravado (Wildes Barbosa / O Popular)

Titular da Secretaria do Estado de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável admite que cenário é o mais grave do período do governo Ronaldo Caiado.

Goiás deve enfrentar este ano a maior crise hídrica dos últimos tempos. A declaração foi dada pela titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis. Na segunda-feira (3), ao participar do programa Jackson Abrão Entrevista, ela admitiu que será um ano desafiador para a questão do abastecimento de água em todo o Estado e também para a capital.

Logo no início, questionada diretamente por Jackson Abrão sobre se faltará água em Goiânia, a secretária respondeu: “Este ano é um ano bastante crítico. Da mesma maneira que vimos trabalhando durante todos estes anos (à frente da gestão) e não faltou água, a gente espera que não falte. Mas estamos com disponibilidade bem abaixo no rio (Meia Ponte) em relação aos anos anteriores.”

Quase no fim da entrevista, que durou cerca de 20 minutos, o apresentador voltou ao assunto. “Num rasgo de sinceridade, nós vamos ter (garantia de) água para Goiânia?”, questiona. Andréa responde: “Este ano, a situação é crítica. Nós já passamos por situações críticas. Desde 2019, desde que (o governador) Ronaldo Caiado chegou aqui, não faltou água, mas este ano é mais crítico”, admitiu.

A titular da Semad disse que, como choveu pouco e, em consequência, também houve pouca infiltração de água no solo, em relação à média histórica, podemos ter uma “situação de controle”. “(Tivemos) Pouca água na bacia, então podemos ter uma situação de controle e precisamos desde logo pedir para as pessoas economizarem água”, disse a secretária. “Vindo para cá (sede do Grupo Jaime Câmara), vi pessoas lavando a calçada com mangueira, fazendo o mesmo com o carro. Não é momento para fazer isso agora”, alertou.

Andréa Vulcanis também alertou que, pelas previsões dos próprios cientistas, no futuro as mudanças climáticas devem trazer uma redução de 50% na redução de chuvas e na disponibilidade hídrica para Goiás. “Mas a seca sempre é uma realidade neste período e em todos os anos em que estamos à frente no governo preparamos todas as cidades para não ter falta de abastecimento público.”

Em relação à produção goiana, a secretária lembrou as consequências econômicas de uma estiagem prolongada. “Goiás é um Estado que tem base no agro e sem água não se produz. Nesse sentido, este ano, anunciamos a redução da disponibilidade hídrica e todo o (setor do) agro se preparou”, garante. “Tudo a gente vai construindo à medida que a realidade vai se apresentando.”

Risco de racionamento

Presidente da Associação para a Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), Gerson Neto já estava preocupado com a vazão do Rio Meia Ponte desde o início de maio. Reportagem do POPULAR do dia 22 alertava que o manancial entrou, já no dia 7, no chamado nível de atenção — em que a vazão se torna mais preocupante — 50 dias antes do que ocorreu, por exemplo, no ano passado, quando se deu em 27 de junho.

“Precisamos ampliar as medidas de adaptação às mudanças climáticas ampliando a proteção e a recuperação de nascentes, matas ciliares e regiões de recarga dos lençóis freáticos na bacia do Meia Ponte. O risco de racionamento é real”, explica Gerson Neto, especialista em Planejamento e também mestre pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Na entrevista a Jackson Abrão, a titular da Semad falou também sobre outros temas, como o desmatamento no Cerrado — que superou os índices de devastação da Amazônia, no ano passado, a política do Estado para resíduos sólidos, legislação ambiental, fiscalização e também parcerias com o governo federal para o setor.

Fonte: O Popular
Foto: Wildes Barbosa
Jornalismo Portal Pn7

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