Organização Mundial da Saúde (OMS) investiga 348 casos suspeitos da nova doença

Embora não tenha casos em acompanhamento, órgão estadual emitiu comunicado de risco sobre sintomas e necessidade de notificação de suspeitas. No Brasil, 28 registros são investigadas.

Dor abdominal, diarreia, vômitos, e icterícia. Estes são os principais sintomas da hepatite aguda infantil de origem até agora desconhecida e que preocupa famílias do mundo todo. No total, a Organização Mundial da Saúde (OMS) investiga 348 casos suspeitos da nova doença e no Brasil, já são 28 crianças monitoradas pelo Ministério da Saúde (MS), conforme dados atualizados na última sexta-feira (13).

Em Goiás, ainda não há registros, mas a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) emitiu um comunicado de risco, a fim de acender o alerta para os sintomas e a necessidade de notificação em casos suspeitos.

O que se sabe até o momento é que em aproximadamente 10% dos casos foi necessário realizar um transplante de fígado. Há relato da morte de uma criança, mas ainda sem informações sobre país ou idade.

O primeiro caso da chamada hepatite misteriosa foi registrado no dia 5 de abril, no Reino Unido. Notou-se por lá, aumento de notificações de hepatite aguda de causa desconhecida, em crianças anteriormente saudáveis, menores de 10 anos e residentes da Escócia. Uma semana depois foram notificados caos sob investigação na Inglaterra País de Gales e Irlanda do Norte. No dia 29 de abril já eram 169 casos entre crianças de 1 mês a 16 anos, em 12 países, incluindo um óbito.

Pouco mais de um mês depois já são 348 casos em mais de 20 países conforme dados da OMS. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são monitorados 28 casos suspeitos: dois no estado do Espírito Santo, quatro em Minas Gerais, três no Paraná, dois em Pernambuco, sete no Rio de Janeiro, dois em Santa Catarina e oito em São Paulo.

Coordenadora Médica do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) e médica infectologista pelo Instituto Emílio Ribas, Marina Roriz explica que todo caso de hepatite em criança precisa ser investigado e que já existe uma vigilância, agora reforçada. “É preciso alerta para vômitos que não cessam, mais de uma vez ao dia. Crianças mais prostradinhas, sem querer brincar. No caso de bebês, observar se além de vômito, estão mais quietinhos ou muito irritados, que também podem ser sinais de que não estão bem”

A infectologista explica que no geral os casos de hepatite em crianças não são tão comuns e atribui isso ao sucesso do Programa Nacional de Imunização (PNI) que oferece vacinação gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para os principais tipos, A e B, antes de 1 ano de idade.

O que são as hepatites virais?

São um tipo de infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas e podem não apresentar sintomas. Quando presentes, incluem: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Com menor frequência, existem o tipo D, que é mais comum no Norte do país. O tipo E, menos encontrado no Brasil, é mais frequente na Ásia e na África.

Qual a diferença desta nova doença? É um novo adenovírus?

Em nenhum dos casos foi identificada a infecção pelo vírus de hepatite A, B, C, D ou E. A evolução clínica dos casos é variável, e até o momento, 10 % exigiram transplante de fígado. A OMS afirma que em muitos casos suspeitos as crianças também apontaram positivo pra infecção com adenovírus. A ligação entre os dois é investigada, portanto, como uma das hipóteses sobre as causas subjacentes.

O adenovírus é comum e pode causar vômito, diarreia e sintomas respiratórios. De forma geral, entretanto, não evolui para quadros preocupantes. Segundo a OMS, há casos raros de infecções graves por adenovírus que causaram hepatite que estão relacionados a pacientes pacientes imunocomprometidos ou pessoas submetidas a transplantes. “No entanto, essas crianças não se enquadram na descrição, pois antes estavam saudáveis”, afirma a OMS.

Covid e hepatite aguda. Há relação?

Apesar de algumas vacinas contra a Covid-19 serem de vetores virais, com a utilização de adenovírus inativados, tanto a OMS, quanto a Agência Nacional de Saúde do Reino Unido (UKHSA na sigla em inglês) descartaram possibilidade de relação da doença com a vacinação contra a Covid-19. Em nota, o Butantan também explicou que a a CoronaVac usa vírus inativado sem adenovírus em sua composição. A maioria dos casos de hepatite aguda, inclusive, aconteceram em crianças que não foram imunizadas e que têm menos de 5 anos. Em alguns casos, foi detectada a presença do vírus SARS-CoV-2, mas essa é uma linha de pesquisa além de outras, como a do adenovírus.

“Com base nas informações atuais, a maioria das crianças relatadas com a hepatite aguda não recebeu a vacina contra Covid-19, descartando uma ligação entre os casos e a vacinação neste momento. Em alguns relatos, foi detectada a presença do vírus SARS-CoV-2, e esta é uma das linhas de investigação junto com outras, como o adenovírus”, descreveu a OMS em comunicado no último dia 3 de maio.

Quais cuidados podem ser tomados?

Diante das informações ainda incompletas, a prevenção orientada pela OMS inclui medidas básicas de higiene como lavar as mãos, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, o que também serve para evitar a transmissão de adenovírus.

Fonte: O Popular
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Panorama
panorama.not.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE