O descolamento do jogo político e o cenário construído no século XXI, possibilitou que as ações de uma pluralidade de grupos sociais, os conduzissem da margem ao centro da cena pública configurando-os como expressivos frente a determinada hegemonia no tocante à disputa por lugares e valores. Negros, transexuais, gays, lésbicas, feministas, indígenas, trabalhadores rurais e estudantes ocupam ruas, praças, espaços públicos e privados. Tais agentes, em processos de embates representacionais, buscam o redimensionamento do conceito de família, das práticas políticas e os usos dos espaços públicos.
É neste sentido, que o VI Congresso Internacional de História imprime um olhar político ao pensar essa nova configuração social, com o ensejo de que a partir das práticas, ações e intervenções desses atores possamos construir novos caminhos, em que o reconhecimento e não apenas a aceitação social, mas itinerários que nos conduzam a processos de formação e humanização, ou seja, trata-se de desafios de lutas pela existência.
A política contemporânea tem sido provocada pelos movimentos sociais a rever suas formulações discursivas e jurídicas. É inegável a pressão exercida por estes movimentos para ter incluídas suas pautas na agenda política global. Esse fenômeno típico da contemporaneidade revela a riqueza das narrativas em jogo, convertidas em bandeiras de lutas políticas contra os discursos hegemônicos e normatividades que persistem em erigir muros, ideológicos e físicos, barreiras de intolerância racista, misógina e homofóbica.
A visibilidade alcançada por estes grupos demonstra processos de criticidade de sujeitos que, não contando com um lugar institucional próprio (CERTEAU, 2005), precisam recriar novas formas de representatividade e existência. Das frestas, nos desvãos da sociedade em que vivem (BHABHA,1998) lançam novas perspectivas de ação política sobre as carcomidas estratégias de luta dos movimentos tradicionais de esquerda, que operam com uma baixa capacidade de aglutinação social.
Enfim, as proposições de novas formas de embates têm sido consideradas a partir do feminismo e iniciativas da teoria queer. Ademais, inclusive em confrontos com o campo científico, os estudos feministas se posicionam historicamente no sentido de desconstruir as formas em que se estruturam o poder e o próprio conhecimento científico. [1]
Ao lado da mobilização pelo empoderamento jurídico e político de categorias tidas como marginais, cresce o discurso de ódio e intolerância. Temos presenciado em nível planetário a polarização entre ideias progressistas e conservadoras. Os contextos de crise, tal qual vivemos agora, com o crescimento da desigualdade social, a crise ecológica, a pressão da evasão pelo consumo, o individualismo crescente, o aumento do controle midiático, tudo isso leva ao extremismo e ao encastelamento das opiniões. Nesse sentido, a partir das supracitadas demandas o VI Congresso Internacional de História UFG/Jataí promoverá o debate que contempla os desafios contemporâneos.
[1] Cf.: HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, p. 7-41, 1995.
Data: 01/08 à 03/08/2018
Local: UFG Campus Jataí – Riachuelo