O orçamento da União de 2015 ainda não foi votado pelo Congresso Nacional, mas se for aprovado, um corte de 30% das verbas destinadas à educação, seriam R$ 27 milhões de reais a menos no dinheiro que chega à Universidade Federal de Goiás (UFG).
Segundo o reitor, o professor Orlando Afonso Valle do Amaral, cerca de 80% do orçamento é destinado para pagamento de salários, enquanto que os recursos para manutenção, custeio e capital da Universidade, chegam ao montante de R$ 90 milhões.
Existe previsão de corte orçamentário, mas não se sabe ainda de quanto será. “Pode ser até 30%, mas os recursos da UFG vieram em um montante menor do que o que estava previsto no orçamento. Ao invés de recebermos 1/12 avos, recebemos 1,18 avos”. Ele explica que isso não quer dizer que o corte prevaleça para 2015, mas pode ser que sim. “Ainda não está confirmado”.
O reitor revela que os reitores da Andifes estão em contato com o Ministério da Educação (MEC) para tentar preservar as instituições deste corte. “Temos a promessa do Secretário Executivo do MEC de que o impacto sobre as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) seja menor”.
Áreas afetadas
Questionado se há alguma obra parada em decorrência da redução de dinheiro em 2014, o reitor disse que não. “Não iniciamos obras novas e as que estavam em andamento não foram afetadas em razão da redução de recursos”.
Uma área que pode ser comprometida é a dos serviços terceirizados, de acordo com o professor Orlando, que é onde existe uma tentativa de reduzir custos e despesas. “Nesse setor, temos colaboradores na vigilância, na limpeza, na manutenção e outros serviços nos quais não temos servidores efetivos”.
Segundo ele, as despesas são muito altas, em torno de 60% do orçamento de custeio e o objetivo é adequar esses contratos aos recursos disponíveis. “Por isso, até aconteceram alguns atrasos que estão sendo corrigidos a fim de evitar paralisação do serviço”. A redução pode significar que muitas pessoas ficarão desempregadas, já que é preciso ajustar o orçamento às despesas.
A respeito do comprometimento de trabalhos de pesquisa em unidades da instituição, como o Hospital das Clínicas (HC), por exemplo, o reitor explica que não acontecerá porque o orçamento do HC é à parte. “O hospital é, basicamente, bancado por meio dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo programa REHUF – Reestruturação dos Hospitais Universitários”.
Greve
Para o presidente da Associação dos Docentes da UFG (Adufg), Flávio Alves da Silva, a situação é preocupante. “O problema é que o governo mudou a forma de remessa de recursos que, antes era semanal e agora é mensal, e isso traz prejuízos à universidade”.
Ele revela que, no dia 19 de março, haverá uma reunião com o ministro do planejamento para colocar as reivindicações dos professores em discussão. “A expectativa é ruim, porque o governo já afirmou que precisa economizar ao máximo para cobrir rombos de anos anteriores”. Silva revela que, após a reunião avaliativa do encontro com o ministro, os professores irão decidir se entrarão em greve ou não. “As chances de uma greve na UFG em maio ou junho deste ano, não estão descartadas”, alerta.
O coordenador administrativo e financeiro do Sindicato dos Trabalhadores em Instituições Federais de Ensino Superior (Sint-Ifes), Paulo Guerra, afirma que os servidores da UFG também podem entrar em greve. Ele explica que termina em março o acordo com governo federal, relativo à última parcela do reajuste salarial firmado em 2012 e valendo até 2015, e não há nada acordado ainda para 2016. “Não podemos deixar para discutir com o governo federal em 2016, porque a proposta orçamentária vai para o senado até o final de junho. Se não for encaminhado agora, para garantir o aumento para 2016, então os servidores podem entrar em greve”.
Cynthia Costa / Fotos: Vânia Santana