Em pleno Dia do Cerrado, celebrado nesta quarta-feira, 11 de setembro, Goiás enfrenta milhares de focos de incêndios. No período de 10 a 11 de setembro de 2024, o estado registrou 7.355 focos de queimadas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ainda segundo o instituto, o bioma Cerrado foi o mais afetado pelo fogo, com 98,3% dos registros, somando 7.230 focos. A Mata Atlântica em Goiás também foi atingida, com 125 focos, representando 1,7% do total.
Entre as unidades de conservação mais impactadas estão a Área de Proteção Ambiental (APA) Pouso Alto, com 46 focos, e a APA João Leite, com 33. O Parque Estadual do Araguaia também registrou focos de queimadas, contabilizando 2 ocorrências.
Dia do Cerrado: fogo queimou área do bioma maior do que a de países como Chile e Turquia nos últimos 39 anos
Entre 1985 e 2023, o fogo destruiu 88 milhões de hectares do Cerrado, o que equivale a uma média de 9,5 milhões de hectares queimados por ano. Essa área corresponde a 43% de toda a extensão do bioma e supera o território de países como Chile e Turquia. A média anual de terras queimadas no Cerrado é superior à da Amazônia, que perdeu 7,1 milhões de hectares anualmente para as chamas.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (11), Dia Nacional do Cerrado, pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
No mesmo período, 38 milhões de hectares foram desmatados, resultando em uma redução de 27% na vegetação original do Cerrado. Hoje, quase metade da área do bioma foi transformada por atividades humanas. Atualmente, 26 milhões de hectares estão ocupados pela agricultura, com 75% dessa área dedicada ao cultivo de soja. O Cerrado responde por quase metade da área cultivada com o grão no Brasil, somando 19 milhões de hectares, de acordo com a Coleção 9, divulgada pela Rede MapBiomas, que é coordenada pelo IPAM para o mapeamento do bioma.
A porção restante, ainda preservada, corresponde a 101 milhões de hectares, representando 8% de toda a vegetação nativa do Brasil. Isso garante ao Cerrado o título de savana mais biodiversa do mundo. Deste remanescente, 48% está nos estados da região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a área agrícola aumentou 24 vezes desde 1985. A região também concentra 41% do desmatamento registrado no Cerrado nos últimos 39 anos.
Atualmente, 55% da vegetação nativa do Cerrado está em áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) autodeclarado. O Código Florestal Brasileiro exige que propriedades rurais no bioma mantenham ao menos 20% de sua área com vegetação nativa, a chamada Reserva Legal. No entanto, áreas que excedam essa porcentagem podem ser legalmente desmatadas, o que representa um risco à preservação do bioma.
14,7% do Cerrado estão em áreas protegidas e públicas, como unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas, que mantêm mais de 93% de sua vegetação nativa preservada. Contudo, o desmatamento em terras indígenas no bioma aumentou 188% em 2023, um comportamento inverso ao do restante do país, que registrou uma queda de 27% na área desmatada.
Fonte: Mais Goiás
Foto: Agência Brasil
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