
“As lojas de Jataí e Rio Verde vendem três vezes mais que as de Goiânia e estão salvando a lavoura nesse tempo de crise”, diz a sócia-proprietária de duas unidades das Lojas Meizzi, Lúcia Monteiro. Ela explica que já estuda a possibilidade de abertura de novas lojas em outras cidades polo do agronegócio goiano. Como ponto negativo, aponta os altos valores dos aluguéis nesses locais. Para Lúcia, a redução nas vendas e o alto índice de inadimplência estão comprometendo a continuidade dos negócios na capital.
Embora não existam dados estatísticos que comprovem a disposição de cidades polos do agronegócio no Estado sentirem em menor grau os efeitos da crise econômica atual, tal tendência é observada. Um reflexo da injeção de dinheiro oriundo do setor, que por sinal vai muito bem. O economista e mestre em agronegócio Edilson Aguiais diz que o setor promove a movimentação de outros setores nos municípios agrícolas, como o de serviços e o do comércio. E mais, que o momento é muito propício, visto que as commodities estão sendo beneficiadas com a recente valorização do dólar.
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Milho
Cerca de 70% da área plantada do milho segunda safra já foi colhida e a saca está sendo comercializada, em média, entre R$ 19 e R$ 21. Ano passado, o preço médio girou em R$ 17. A produção do grão aguardada para este ano é de 7,2 milhões de toneladas só em Goiás, 24% superior a do ano passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O produtor de milho de Rio Verde, Sadi Secco, diz que deve fechar a safra abaixo da perspectiva inicial por conta de pragas, mas que a desvalorização do real está contribuindo para que haja rentabilidade para o produtor. Embora não tenha intenção de adquirir máquinas e equipamentos agrícolas nos próximos meses, Secco contribui com a engrenagem da economia local empregando cerca de 30 funcionários diretos.
O consultor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, diz que esses números equilibram a quebra da safra de soja, cuja redução chegou a 15%. “O impacto para o agronegócio é menor, vamos crescer menos que no ano passado, mas não ficaremos no negativo.”
O secretário de desenvolvimento econômico de Rio Verde, no Sudoeste do Estado, Rubens Leão de Lemos Barroso, diz que é normal que haja aquecimento nas vendas do município durante o período da colheita da safra. Mas este ano, embora não estejam sentindo esse efeito sazonal, a retração nas compras não foi tão impactante. “Restaurantes e hotéis continuam com movimento, mas no setor de bens de consumo mais duráveis a crise é pior”, declara.
Hotelaria
Setor que é considerado termômetro da economia, a hotelaria está pedindo arrego em Goiânia, enquanto suporta a crise nas cidades agroindustriais. “Na capital, a hotelaria está vivendo sua pior crise dos últimos 15 anos”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Goiás (ABIH-GO), Arnaldo Cardoso Freire. A taxa média de ocupação num ano típico, que é de 70%, este ano não supera 50%. Já nas cidades polos do agronegócio, Freire diz que as taxas estão mais estabilizadas.
Inaugurado há sete meses, o Hotel Ibis, em Jataí, registra crescimento mensal de 1% . Embora a taxa de ocupação não tenha sido fornecida, são 176 apartamentos. “É difícil mensurar essa taxa porque nascemos aqui junto com a crise”, diz o gerente do hotel, Lowell Cruz
Fonte: O Popular