Colchões e travesseiros velhos podem ser muito prejudiciais à saúde dos alérgicos, já que são os esconderijos favoritos dos ácaros.
Além disso, o desgaste do enchimento pode causar deformações que resultam em problemas para a coluna e às articulações.
Por isso, é importante ficar atento ao prazo de validade dos produtos e às indicações de saúde dos médicos para não deixar a hora de trocar passar.
Acidentes com comida ou líquidos derramados também podem encurtar a vida útil desses objetos. Saiba mais abaixo.
Sempre olhe o prazo de validade
Assim como todo produto, cada modelo de colchão e travesseiro possui uma data de validade que deve ser observada no momento da compra do produto.
“Em geral, um colchão possui a validade de 5 a 10 anos, dependendo do uso”, afirma Lucas Gaiola, engenheiro químico.
“Mas a OMS (Organização Mundial de Saúde) alerta: o recomendado é que colchões sejam trocados após cerca de 5 anos, devido à duração do tratamento antiácaro”, informa Gaiola.
Esse tratamento acaba durando menos do que a integridade estrutural do colchão, por isso tem um prazo menor do que a validade indicada pelo fabricante.
Para o travesseiro, o tempo médio indicado para a troca é de até 2 anos, segundo Bruno Martinelli, gerente administrativo da Daune Travesseiros.
“Ao longo do tempo, a estrutura do enchimento vai se perdendo. Se for de penas ou de fibras, elas vão quebrando ao longo do uso. Se for de espuma, começa a esfarelar”, explica Martinelli. “O travesseiro, então, perde a sustentação e o suporte do pescoço fica muito baixo.”
Vilões da alergia
O colchão e o travesseiro costumam acumular grandes quantidades de ácaros em seu interior, especialmente se estiverem em locais escuros e úmidos. Líquidos derramados também são um problema, já que a parte de dentro pode não secar completamente.
“Aconselhamos a trocar o colchão se ele apresentar intercorrências que comprometam a integridade do tecido, como o surgimento de mofo, pois isso compromete a saúde respiratória do paciente”, diz Maria Letícia Chavarria, coordenadora do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
“Outro exemplo é quando derramamos algo no colchão ou, no caso de crianças pequenas, quando acontece da pessoa fazer xixi ou até vomitar na cama”, complementa Chavarria.
Uma solução levantada pela médica foi o uso de capas impermeáveis para colchões e travesseiros, mesmo quando novos.
Esses envoltórios facilitam a manutenção da limpeza e da integridade dos objetos, além de dificultar que os ácaros tenham contato direto com as pessoas.
E, mesmo que não dê para fazer a troca com a frequência indicada, é importante lembrar de não passar muito do prazo. Isso pode fazer a diferença para quem sofre com problemas respiratórios, como rinite alérgica e asma.
“Já observei pacientes que diziam ter colchões com mais de 30 anos e que, depois de trocar, ‘milagrosamente’ melhoraram da alergia”, conta a médica.
“Não pode ficar com aquele travesseiro de estimação, que tem desde criança. Isso é totalmente contraindicado”, alerta Chavarria.
Problemas de coluna
Além dos problemas respiratórios, um malefício comum causado pelo uso de colchões e travesseiros velhos são os danos ortopédicos.
“Quando eles estão adequados ao uso, a nossa coluna e nossas articulações mantêm o alinhamento apropriado”, afirma Ricardo Ferreira, médico ortopedista.
“Quando estão velhos, podem criar pontos de pressão inadequados e posições viciosas, o que por sua vez pode desalinhar a coluna e aumentar as chances da pessoa desenvolver doenças como bursite nos ombros e nos quadris”, alerta Ferreira.
A bursite é uma inflamação das bolsas sinoviais, que são como sacos cheios de líquido que amortecem o movimento das articulações.
“Isso propicia crises de dor lombar e cervical, hérnias de disco e espondilose, que é o desgaste da própria coluna”, explica o ortopedista.
“Também vale para o travesseiro, que precisa estar na altura adequada para apoiar a coluna cervical”, continua.
“Se o travesseiro está muito baixo ou achatado pelo uso, pode não estar mais desempenhando essa função e causar problemas como bico de papagaio e artrose”, conta Ricardo Ferreira.
Para saber quando o estofado começou a se deformar, Ferreira aconselha ficar de olho no surgimento de pontos de pressão e afundamento na superfície dos objetos.
“E, a cada dois ou três meses, é bom virar o colchão horizontalmente, para evitar criar pontos de pressão nos lugares onde a pessoa costuma deitar”, sugere o médico.
Onde descartar
Após a troca, o descarte dos objetos usados deve ser feito corretamente para evitar causar danos ao meio ambiente. Deixar o colchão na rua, aliás, é considerado crime pela Lei de Crimes Ambientais n° 9.605.
“A prefeitura de cada cidade tem serviços em que coleta colchões e sofás antigos”, diz a médica Maria Letícia Chavarria.
Algumas vezes, dependendo da fabricante, o colchão velho pode ser retirado pelo próprio entregador, na hora de receber o produto novo. Mas não é um serviço obrigatoriamente oferecido por todas as empresas e os dois colchões (velho e novo) devem ser da mesma marca.
No caso do travesseiro, é mais fácil. Basta levá-lo para reciclagem pela coleta seletiva. Caso seu bairro não tenha acesso a esse serviço, o ideal é, então, levá-lo para um ponto de coleta de resíduos têxteis.
“Os travesseiros 100% naturais, com tecido de algodão e enchimento de penas, podem ser tratados como lixo orgânico”, diz Martinelli.
Por Laís Ribeiro, g1
Foto: Reprodução
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