
Nesta terça-feira, 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. A data tem o objetivo de ampliar o conhecimento da população sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e reforçar a importância da inclusão e do respeito às pessoas autistas. Neste ano, o tema abordado é “Avançando a Neurodiversidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, destacando a necessidade de políticas públicas voltadas à acessibilidade e à equidade social.
Entre os diversos relatos que evidenciam os desafios diários enfrentados por pessoas autistas, um depoimento em especial tem chamado a atenção. Jonas Cabral, de 12 anos, diagnosticado com autismo nível 1, compartilhou sua vivência em um vídeo divulgado nas redes sociais:
“Dizem que o autismo nível 1 é leve. Mas leve pra quem? Lidar com barulhos que machucam. Comer sempre as mesmas coisas porque textura ou sabor incomodam. Ficar preso em pensamentos por horas enquanto o mundo gira lá fora. Tentar conversar, mas não saber como começar. Não saber como parar. E não saber se a pessoa realmente entendeu. Ter a rotina quebrada e se sentir como se o chão sumisse. E, mesmo com tudo isso, saber exatamente o que está acontecendo. Sentir a diferença e se cobrar por não se sentir igual. Isso não é leve, é exaustivo. Só parece leve para quem olha de fora. É invisível e, justamente por isso, muito mais solitário. Eu sou Jonas Cabral, tenho 12 anos e sou autista nível 1.”
O relato de Jonas reforça uma realidade vivida por muitas pessoas no espectro autista. Embora o nível 1 seja frequentemente classificado como “leve”, os desafios enfrentados por quem tem essa condição vão muito além das aparências. Hipersensibilidade a ruídos, dificuldades alimentares, desafios na comunicação social e a necessidade de manter uma rotina estruturada são apenas alguns dos aspectos que podem impactar significativamente a qualidade de vida desses indivíduos.
Pesquisadores da área destacam que muitas pessoas autistas recorrem à técnica do “masking” — estratégia de camuflagem para se adequar a padrões sociais —, o que pode resultar em fadiga emocional e mental. Essa adaptação constante torna-se um fardo, aumentando o risco de ansiedade e depressão.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é um momento para refletir sobre a importância da inclusão e do suporte adequado a essas pessoas. Como enfatiza Jonas, os desafios podem ser invisíveis para muitos, mas são reais e diários para quem vive com o transtorno.