Mito ou verdade: correr realmente faz mal para os joelhos?

A velha máxima de que “correr estraga os joelhos” tem sido desmentida pela ciência. Longe de ser vilã, a corrida pode ser aliada da saúde articular quando praticada com moderação, preparo físico e orientação adequada. É o que apontam estudos recentes e especialistas na área da saúde.
Uma revisão sistemática publicada no Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy avaliou 17 estudos envolvendo mais de 125 mil participantes. A conclusão foi categórica: pessoas que correm de forma recreativa têm menor risco de desenvolver artrose no joelho do que aquelas que são sedentárias.
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De acordo com o fisioterapeuta Mateus Lima, mestre em Ciências da Saúde, a corrida, quando bem orientada, pode até proteger os joelhos.
“O impacto da corrida é natural e esperado para o corpo humano. O que faz mal é o excesso sem preparo, ou correr sem fortalecer a musculatura. Quando a corrida é bem feita, o joelho agradece”, afirma o especialista.
Segundo ele, o movimento de correr estimula a produção de líquido sinovial — o lubrificante natural das articulações —, além de fortalecer os músculos que estabilizam o joelho e garantir o bom alinhamento corporal.
Outro estudo, conduzido pela Universidade de Stanford, acompanhou corredores por mais de duas décadas e chegou a conclusões semelhantes: mesmo com o passar dos anos, os praticantes apresentaram menos dores nos joelhos, menor limitação funcional e menor incidência de osteoartrite.
Mas por que a corrida ainda carrega a fama de causar lesões? A resposta está no excesso, na falta de orientação e no despreparo físico. Iniciantes que aumentam o volume ou a intensidade do treino de forma abrupta, usam tênis inadequados ou negligenciam o fortalecimento muscular têm maior risco de sobrecarga e lesões como tendinopatia, síndrome patelofemoral e condromalácia patelar.
Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine também reforça essa visão: corredores com fraqueza nos quadris, glúteos e abdômen apresentaram maior índice de dor no joelho. Ou seja, o problema nem sempre está no joelho, mas na ausência de suporte muscular adequado.
Para correr com segurança e proteger os joelhos, especialistas recomendam:
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Fortalecer pernas, glúteos e core com treinos regulares;
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Respeitar o ritmo do corpo, evoluindo os treinos de forma progressiva;
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Utilizar calçados apropriados e em bom estado;
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Corrigir a técnica de corrida, evitando passadas exageradas;
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Intercalar dias de corrida com descanso ou atividades de baixo impacto, como natação ou ciclismo;
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Ouvir o corpo e não ignorar dores persistentes.
A musculação, praticada ao menos duas vezes por semana, é um dos pilares da prevenção de lesões. E não basta apenas força — mobilidade também é essencial, como explica Mateus Lima:
“Pessoas com tornozelos rígidos, quadris travados ou encurtamento muscular podem sobrecarregar os joelhos mesmo sem perceber. Por isso, alongamento e exercícios de mobilidade devem fazer parte da rotina.”
Para quem já sente dores nos joelhos ou possui diagnóstico de artrose, a corrida não está proibida. Mas é fundamental passar por avaliação médica e fisioterapêutica antes de iniciar ou retomar os treinos. Com acompanhamento adequado, a corrida pode inclusive fazer parte do tratamento, com ajustes de volume, ritmo e foco em fortalecimento.
Conclusão:
A crença de que correr destrói os joelhos está perdendo espaço diante das evidências científicas. Praticada com responsabilidade, a corrida é uma poderosa aliada na manutenção da saúde articular e do bem-estar. Afinal, como destaca o Dr. Mateus Lima, o corpo humano foi feito para se mover — e os joelhos, quando bem cuidados, estão prontos para ir longe.
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