Mulheres são mais atingidas pela Síndrome das Pernas Inquietas, apontam especialistas

Uma sensação de desconforto acompanhada de uma necessidade irresistível de movimentar as pernas durante o repouso ou ao deitar é um dos principais sintomas da Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), também conhecida como doença de Willis-Ekbom. A condição neurológica provoca forte impulso de movimentação e pode comprometer de forma significativa a qualidade do sono e a rotina diária.
Estudos estimam que entre 4% e 29% dos adultos em países ocidentais industrializados sofram com a síndrome. No entanto, segundo especialistas, as mulheres são as mais afetadas. “A síndrome de pernas inquietas é uma doença que tem padrão genético e que também é caracterizada por uma fisiopatologia de deficiência de ferro, mesmo quando os níveis sanguíneos estão normais. Ela atinge principalmente mulheres e 25% das grávidas”, explicou o reumatologista Marcelo Cruz Rezende, membro da Comissão de Dor da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e presidente da Sociedade de Reumatologia de Mato Grosso do Sul.
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Em entrevista concedida após debate no Congresso Brasileiro de Reumatologia, Rezende destacou que o fator de risco feminino está relacionado à perda mensal de ferro. “Vocês sangram todo mês. Então, são sempre um pouco mais anêmicas. E nas mulheres grávidas, essa anemia é ainda pior”, disse.
A origem da doença pode estar ligada a condições médicas como artrite reumatoide, insuficiência renal, diabetes e doenças neurológicas. Segundo o especialista, a SPI está associada a alterações na síntese de dopamina, substância fundamental para o controle dos movimentos. “A síndrome de pernas inquietas se caracteriza por uma alteração na síntese de dopamina, a mesma do Parkinson. O ferro é fundamental para a construção dessa dopamina, faz parte de sua produção”, detalhou.
Em casos moderados ou graves, os impactos vão além do desconforto físico. A SPI pode causar distúrbios do sono, alterações de humor e de cognição, fadiga diurna e queda na energia, comprometendo as atividades diárias.
Apesar de não ter cura, a síndrome possui tratamentos capazes de melhorar a qualidade de vida. O acompanhamento médico deve ser buscado especialmente quando os sintomas começam a prejudicar o sono ou a rotina. “Se você tem um distúrbio de sono, de qualidade de sono, deve procurar um médico e relatar que você tem pernas inquietas porque o médico nem sempre vai perguntar sobre isso. Se atrapalha a vida, a pessoa deve sempre procurar o médico”, alertou Rezende.
Por Victor Santana Costa
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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