Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim (Foto: Diomício Gomes/O Popular)

Avanço da imunização tem menor adesão a cada nova etapa. Terceira e quarta doses estão estagnadas. Infectologista prevê que a quinta pode ser aplicada a partir do fim do ano.

Enquanto autoridades e especialistas começam a cogitar a necessidade futura de uma quinta dose de vacina contra a Covid-19, 629 mil goianos não participaram de nenhuma etapa de imunização. O avanço da campanha tem tido menos adesão a cada novo ciclo, o que prejudica o controle da doença.

A possibilidade de haver uma quinta dose foi comentada pela superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, na segunda-feira (18), no programa Jackson Abrão Entrevista, do POPULAR. Para a superintendente, uma nova etapa de reforço é uma realidade que deve se impor em algum momento.

“Até que a gente tenha uma nova versão das vacinas, atualizadas, pode ser sim, que a gente tenha mais doses de reforço a serem aplicadas. Estudos mostraram que a partir de quatro meses, em média, diminui a proteção e as ondas da Covid-19 continuarão acontecendo. Por isso, é importante manter a população com uma alta proteção”, explicou.

Ainda que uma quinta dose demore para se tornar realidade, a campanha atual já alcançou a quarta etapa, sendo formalmente chamada de segunda dose de reforço. Os números da SES mostram que enquanto a primeira dose atingiu 85% da população goiana e a segunda dose alcançou 72%, as duas doses de reforço estão proporcionalmente estagnadas. Mais de 2,5 milhões de pessoas que já poderiam ter tomado a primeira dose de reforço ainda não o fizeram.

A SES esclarece que não há, até o momento, indicação oficial para aplicação de quinta dose de vacina contra a Covid-19. “A definição para aplicação de vacinas é de responsabilidade do Ministério da Saúde, que coordena o Programa Nacional de Imunização (PNI), em todo o território brasileiro”, explica a pasta.

“A ampliação de doses de reforço necessita de evidências científicas e aprovação de órgãos fiscalizadores como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, neste momento, a prioridade da gestão é a atualização do cartão vacinal com as doses de reforço”, diz a SES. Atualmente, a campanha da quarta dose está focada em pessoas maiores de 40 anos e trabalhadores da saúde.

Estimativa

A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems), Verônica Savatin, diz que o início de uma campanha para a quinta dose ainda não está sendo dialogado oficialmente entre os gestores. Ainda assim, a presidente afirma que a tendência é de que haja necessidade de doses de reforço. “Até que terminem outros estudos de vacinas e elas sejam modificadas”, observa.

O médico infectologista Marcelo Daher estima que uma quinta dose deve ficar para entre dezembro e o início do ano que vem. Para o especialista, apesar de já estarmos aplicando a quarta dose, as duas primeiras tiveram bom resultado e respondem pelo melhor quadro em que a pandemia se encontra. “No atual cenário a gente observa que as duas doses foram suficientes”, diz ao comentar sobre o menor número de hospitalizações e mortes.

Para o médico, a adesão da população à primeira e segunda dose foi satisfatória. A boa cobertura e resposta às primeiras doses da vacina pode, inclusive, explicar a menor adesão às etapas de reforço, conforme avalia Daher. “Ao longo do tempo, com as duas doses da vacina, o cenário da doença ficou mais positivo”, considera sobre os menores impactos da doença.

Quando se observa o número de pessoas com doses em atraso, o médico infectologista destaca que aqueles que não receberam nenhuma ou apenas uma dose estão em risco. “A ausência de primeira e segunda dose pode levar a doenças graves nesse grupo de pessoas”, diz. Pelos números atuais, 715 mil pessoas aptas a serem vacinadas não receberam a segunda dose.

Municípios afirmam manter foco

A baixa cobertura das doses de reforço não teria relação com redução de esforços por parte dos municípios, conforme defende a presidente Verônica, do Cosems. Ela diz que as gestões seguem buscando alternativas para atrair a população. Entre as estratégias, novas campanhas de comunicação e horários estendidos para o funcionamento das unidades.

Ainda assim, diz que a cada dia o número de pessoas que procuram as doses de reforço tem diminuído. “Os municípios não encerraram suas campanhas, a questão é da procura da população”, diz. Para a representante, o efeito prático é o prejuízo para a imunização coletiva.

“Acreditamos que só a informação em massa e muita campanha farão a população voltar para as salas de vacinas. Porque é um risco, a pandemia ainda não acabou, estamos convivendo com o vírus”, diz Verônica.

A estratégia mais recente tem sido pensada em conjunto pelas gestões estadual e municipais em um projeto articulado pela Organização Pan-Americana da Saúde. No dia 8 deste mês, diversas secretarias, incluindo Educação e Saúde, se reuniram para traçar um planejamento de incentivo à vacinação de crianças durante o mês de agosto.

O programa que une as gestões é o “Vacina Mais”, que tem como objetivo incentivar a imunização de diversas crianças, não sendo focado apenas na Covid-19. Em Goiás, a campanha deve unir esforços com os professores da educação infantil para conscientizar os pais sobre a importância de atualizar a caderneta vacinal de seus filhos.
O objetivo da campanha é ofertar, de maneira gratuita, materiais de comunicação em diversos formatos – card para redes sociais, cartaz, panfleto, entre outros – para entes públicos das esferas municipal, estadual e federal e também para instituições parceiras privadas.

Atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ao todo 18 vacinas para as crianças e adolescentes. Todas protegem contra doenças que podem causar sequelas permanentes e até a morte. Poliomielite, rubéola, difteria e sarampo são algumas dessas doenças sérias que podem ressurgir devido à baixa cobertura vacinal.

Fonte: O Popular
Foto: Diomício Gomes/O Popular
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