Uso de milho para etanol em Goiás deve crescer 266% em menos de uma década
O milho deixou de ser destinado quase exclusivamente à ração animal e passou a ganhar espaço como matéria-prima estratégica na produção de etanol em Goiás. De acordo com o relatório Levantamento do Agro em Dados, divulgado nesta segunda-feira (17), o setor registra um crescimento significativo. Enquanto na safra 2018/19 o cereal representava 3,9% do etanol fabricado no Estado, a expectativa para a próxima safra é atingir 14,3%. Dessa forma, o aumento chega a 266% em menos de uma década.
No cenário nacional, o avanço também impressiona. A participação do milho na produção de etanol no Brasil passou de 2,4% em 2018/19 para 21,1% na safra 2024/2025, o que evidencia um movimento de expansão contínua em todo o país.
Usinas do Sul goiano puxam a industrialização
A União Nacional do Etanol do Milho aponta que sete usinas instaladas em Goiás devem ampliar suas operações. Todas ficam na região Sul, nos municípios de Chapadão do Céu, Vicentinópolis, Quirinópolis, Acreúna, Jataí e Rio Verde. Como essa área concentra 82,1% da produção estadual de milho na segunda safra, as indústrias conseguem acesso rápido e amplo ao grão, o que fortalece a cadeia produtiva.
Apesar disso, a Conab destaca que o início da primeira safra vem ocorrendo em ritmo mais lento. Até 25 de outubro, apenas 1% da área prevista havia sido semeada, diante dos 10% registrados no mesmo período do ano passado. O Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) informou que ainda não possui os dados oficiais da safra atual.
Produtores comemoram impacto econômico
Para o produtor Ivan Brucelli, que atua em Rio Verde, o avanço da produção de etanol de milho fortalece não apenas o agronegócio, mas também a economia dos municípios envolvidos.
“Gera emprego e renda para o Estado. Além disso, o produtor deixa de enviar o milho para fora. A maior parte fica aqui, e o resíduo do etanol se transforma no DDG, usado no consumo bovino e no confinamento”, afirma.
O DDG (grão seco de destilaria) é um subproduto rico em proteínas, fibras e nutrientes. Por esse motivo, ele se tornou um importante suplemento na alimentação de bovinos, aves e suínos, ampliando ainda mais os benefícios da cadeia industrial do milho.
Exportações reforçam crescimento do setor
Além do avanço industrial, o milho mantém forte presença no mercado externo. Goiás exportou US$ 178,9 milhões em setembro. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o Estado enviou 2,7 milhões de toneladas ao exterior, somando US$ 564,6 milhões. Assim, as exportações cresceram 50% em valor e 45,7% em volume quando comparadas ao mesmo período do ano passado.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

