O território goiano possui 2.090,55 quilômetros quadrados (km²) de área urbana, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de imagens de satélite verificadas em 2019. O dado faz parte da pesquisa Áreas Urbanizadas do Brasil, cuja versão anterior, com imagens de 2015, mostrou que as residências agrupadas em Goiás somavam 173,72 km² a menos do que no relatório atual, divulgado na semana passada. Isso indica que nesse período as áreas urbanas em todo o Estado tiveram um crescimento de 19,3%.
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Esta expansão verificada se dá especialmente pelo aumento de territórios ocupados pela urbanização de 70,64 km² na área da concentração urbana de Brasília pertencente ao Estado de Goiás, 69,94 km² em Goiânia e 14,63 km² em Anápolis. No total, a área urbana goiana é a oitava maior dentre os estados brasileiros, sendo 4,35% das áreas identificadas em todo o território nacional. Dos 2.090,55 km² verificados em Goiás, 2.005,27 km² são de áreas urbanizadas muito densas (1.702,62 km²) e pouco densas (302,65 km²), cuja diferença verificada pelos técnicos do IBGE é o espaçamento entre as residências.
Segundo o supervisor de Disseminação e Informação do IBGE em Goiás, Hugo Oliveira, as áreas de urbanização densa se referem a localizações com mais residências próximas, como com a presença das verticalizações. Já aquelas caracterizadas como pouco densas são locais nas cidades que possuem ocupações mais espaçadas, ou seja, com maior distância entre uma casa ou outra, tal qual os bairros mais novos e periféricos. O restante da área goiana analisada, de 85,29 km², é de loteamentos vazios.
De acordo com Oliveira, o entendimento da pesquisa foi de incluir esses espaços nos casos em que já há antropização, ou seja, com alguma ação humana, tal qual a marcação de quadras e ruas, por exemplo. Ele explica ainda que o documento foi feito com cálculo em cima de imagens de satélite, sem a ida a campo, a partir dos critérios adotados como uma área urbanizada, loteamento vazio ou não. Os técnicos identificam como área urbana aquelas que possuem um agrupamento de no mínimo 50 residências.
Os pesquisadores verificaram ainda que em Goiás há 72,81 km² de outros equipamentos urbanos, ou seja, que não chegaram a formar uma área urbanizada, além de 13,43 km² de vazios intraurbanos, que são os espaços ou lotes sem construções, embora dentro das áreas urbanas e 0,50 km² caracterizado como vazios remanescentes. Para Oliveira, a pesquisa permite o entendimento do histórico goiano de ocupação e vinculação econômica, com prioridade à agropecuária e, por isso, há grandes áreas rurais e a concentração da urbanização em poucas cidades.
“Isso comprova a manutenção do que se iniciou em Goiás ainda na década de 1960, com a formação de latifúndios para a agricultura e a pecuária, que necessitam de grandes porções de terra, mas com as pessoas morando em poucas cidades”, acredita o supervisor do IBGE em Goiás. Para se ter uma ideia, todo o território goiano possui 340 mil km² e, portanto, a área urbanizada é apenas 0,61% do Estado. Como comparação, o Estado de São Paulo, identificado como o mais urbanizado do Brasil em área ocupada por residências, possui 3,56% dos seus 248 km² em aglomerados urbanos.
Capital
O relatório do IBGE ainda destaca que a área urbana de Goiânia medida em 2019 é a quinta maior do País, mesmo com a cidade tendo a décima população entre os municípios brasileiros. A capital goiana possui 301,55 km² de extensão da área urbanizada, ficando atrás de São Paulo (SP), com 914,56 km², do Rio de Janeiro (RJ), que possui 640,34 km², Brasília (DF) com 590,22 km² e Curitiba (PR), cuja medida verificada pelo instituto foi de 336,51 km².
Deste total observado em Goiânia, a pesquisa mostra que 284,72 km² são de áreas densas, o que demonstra forte tendência de compactação da cidade, especialmente com a verticalização de boa parte dos bairros. Outros 16,83 km² são de áreas urbanas pouco densas e ainda restam 1,86 km² de lotes vazios, que são somados a parte pelos técnicos do IBGE na comparação das áreas urbanas das cidades. Na inclusão dos lotes vazios, a área analisada de Goiânia sobe para 303,41 km².
O supervisor do IBGE entende que a pesquisa demonstra que a capital goiana possui uma área urbana muito extensa e concentrada, tendo a verticalização como principal opção de moradia. “Isso mostra a razão de procurarem novas áreas para novos loteamentos. Na parte antiga da cidade já não existem mais áreas. Ou se busca novas áreas ou verticaliza a cidade”, reforça Oliveira ao ser indagado sobre a proposta do novo Plano Diretor de Goiânia, aprovado neste ano, que permite o acréscimo de áreas urbanas na cidade a partir de lotes hoje na área rural por meio de processo administrativo no Paço Municipal.
Válido lembrar, em contrapartida, que a pesquisa realizada considera apenas o espaço construído nas cidades, ou seja, não determina se os locais estão de fato ocupados. Assim sendo, a concentração das construções, mesmo as verticais, não indicam que todas as moradias estejam sendo utilizadas, o que permitiria uma política pública de ocupação destes espaços ante a necessidade de novas áreas para a construção de novos loteamentos. Oliveira conta que Aparecida de Goiânia também tem esta tendência vista na capital, pois de um total de 144,47 km², há apenas 2,73 km² de áreas pouco densas, embora se tenha 4,04 km² de lotes vazios.
As duas principais cidades da região metropolitana, somadas a Anápolis, possuem 60% de toda a área urbana dos dez maiores municípios goianos. “Esse padrão de concentração também pode ser observado em termos espaciais, quando se notam as maiores manchas urbanizadas em extensão do estado presentes no entorno da capital goiana e do Distrito Federal, e outros pequenos núcleos nos demais municípios”, informa o IBGE (veja quadro).
O supervisor do IBGE em Goiás relata ainda a situação curiosa verificada em cidades como Itumbiara, Catalão e Jataí, em que há uma pequena área de loteamento vazio. “Percebe-se que são municípios que não têm a pretensão de crescimento e estão mais estabilizados em sua área urbana. Ou querem a verticalização da cidade”, indica Oliveira. Para se ter uma ideia, em Itumbiara os pesquisadores não identificaram qualquer área com lote vazio, enquanto que em Catalão há apenas 0,92 km² e em Jataí o total é de 0,82 km².
Fonte: Do O Popular
Foto: Tiago Araújo – Portal Panorama
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