A moda sustentável, basicamente, defende a redução dos poluentes na produção de roupas, sapatos e acessórios, reduzindo o impacto no meio ambiente e promovendo prosperidade social e econômica. Só no Brasil, a estimativa é de que cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano, dos quais apenas 20% são reutilizados ou reciclados. A maior parte é queimada ou vai parar em aterros sanitários, levando centenas de anos para se decompor.
Segunda a empreendedora Franciele Freitas, entusiasta do tema, “Algumas marcas já trabalham com aproveitamento de tecidos na confecção de sapatos e roupas, com produção totalmente nacional e transparência nos processos, marcas que assumiram uma postura engajada em causas sociais e com valores pautados no pensamento ético, acho inviável descolar a moda sustentável do contexto”.
Segundo Franciele, o capitalismo lida com a moda de uma forma muito descartável, e ao longo do século vinte a indústria e as grandes marcas se voltaram para a produção marcada pela sazonalidade, com várias coleções por ano, e pela perenidade das peças, o que desperta o desejo de consumo nas pessoas. “A prática tradicional de passar roupas de geração para geração se perdeu com a temporalidade da moda, o que torna o desejo perecível também”, destaca a empresária.
Seguindo esse novo caminho de consumo, os brechós têm sido cada vez mais procurados, por serem importantes espaços de reaproveitamento de roupas, o que tem gerado uma ampliação do número de estabelecimentos do gênero e consolidado as redes sociais como plataforma de divulgação e vendas do nicho. A decisão de comprar em brechós é impulsionada por fatores como: consciência ambiental, economia, exclusividade, solidariedade, entre outros. Para Franciele, “Os brechós estão se tornando cada vez mais populares, principalmente no meio digital, para quem empreende é uma oportunidade de complementar a renda, ou administrar um brechó como renda principal, para quem consome, a possibilidade de adquirir peças únicas, com um preço melhor, apoiar um pequeno negócio em sua maioria gerido por mulheres.”
Uma das formas de obter acervo das peças para o brechó, é por meio da compra em bazares e eventos beneficentes de instituições, igrejas e ONGS. Assim, os brechós colaboram para a manutenção dessas instituições, e tornam essa economia de moda sustentável um ciclo de apoio. A moda sustentável repensa e ressignifica o destino de peças que seriam descartadas, e de fato, a roupa mais sustentável é aquela que já existe, além do destino da roupa que vira resíduo, finaliza a empreendedora.
Por Estael Lima
Foto capa: Acervo Orgânica Garimpo
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