Está cada vez mais difícil comprar um carro zero-quilômetro. Preços nas alturas e taxas de juros desfavoráveis têm feito o automóvel novo ficar só nos sonhos para muita gente.
Com esse cenário, a alternativa tem sido o mercado de veículos de segunda mão. Porém, há o risco de você de não saber exatamente o que está levando para casa, já que um carro usado pode carregar muitos problemas que nem sempre são notados com facilidade.
Como dono de automóveis usados desde 2001, e trabalhando com eles desde 2012, posso garantir que tem muito carro bom disponível, mas é preciso ter um pouco de conhecimento e paciência para fazer um bom negócio.
1 – Documentação e procedência
Por melhor que o carro esteja, é importantíssimo analisar os documentos e a procedência dele.
São pontos que interferem diretamente no valor de mercado e, dependendo de como for a negociação, inviabilizam a compra.
É preciso consultar o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de onde o carro está licenciado e verificar se constam pendências, como IPVA atrasado, multas e licenciamento, além de possíveis restrições relacionadas a furto, tributária, financeira, administrativa ou judiciária.
Se o carro tiver passado por alguma alteração nas especificações originais, como blindagem, aumento na potência ou suspensão rebaixada, é obrigatório ter essas informações no campo de observações do documento.
Com relação à procedência, é preciso investir em uma consulta paga, seja em sites especializados ou por meio de empresas de vistoria, para saber se o veículo teve alguma passagem por leilão ou sinistro.
2 – Estrutura
Quase tudo tem solução na reparação de um carro acidentado, mas, quando o dano envolve a parte estrutural, dificilmente o reparo fica satisfatório.
Como a estrutura fica oculta em sua maior parte, nem sempre o reparador profissional capricha – já me deparei com muitas gambiarras para alinhar para-choques e peças de lataria, dando a impressão que o carro está perfeito, mas seu “esqueleto” tem avarias.
Além disso, é preciso deixar claro que uma peça estrutural afetada por acidente perde parte da sua rigidez e não tem o mesmo desempenho em uma eventual nova colisão.
Com essas informações, está claro que a estrutura de um carro precisa ser muito bem vistoriada. Para os que não têm experiência com isso, recomendo a contratação de um profissional ou, no mínimo, a ajuda de alguém que entenda do assunto.
3 – Funilaria e Pintura
Na hipótese de a estrutura estar intacta, a parte da funilaria e pintura é mais tranquila de ser verificada, inclusive a tolerância com possíveis problemas é maior.
Eu conheço muitas pessoas que não querem nem saber de carros que já passaram por reparos nessa área, mas esse seria o mundo ideal.
No mundo real, carros sofrem com danos ao longo da vida e é mais do que comum que reparos sejam feitos.
Àqueles que estão procurando carros usados mais recentes, com poucos anos de uso, eu até compreendo exigir pintura original, mas, na medida em que os anos avançam, é bom estar mais aberto para aceitar repinturas – caso contrário, corre-se o risco de ficar sem carro.
O que deve ser considerado, na minha opinião, é se o reparo foi bem feito. Para saber isso, é necessário comparar as peças visualmente e observar textura e coloração, que devem ser iguais em toda a carroceria.
4 – Mecânica e elétrica
Problemas mecânicos e elétricos podem ser resolvidos em qualquer carro.
Entretanto, o custo de peças e de mão de obra podem ser altos, as vezes até inviáveis.
Sendo assim, é fundamental verificar se o carro exige reparos no curto prazo e levantar os custos para poder negociar.
A parte mecânica pode ser mais difícil para algumas pessoas. Novamente, eu recomendo a contratação de um profissional.
Já a parte elétrica, é bem mais simples, e basta testar todos os equipamentos que o carro tem. É possível que algum problema elétrico não seja identificado de imediato, mas isso tende a acontecer em carros mais antigos.
5 – Teste de rodagem
Por fim, um teste de rodagem deve ser solicitado por quem pretende comprar o carro.
É verdade que nem todo vendedor está disposto a aceitar, mas garanto que isso acontece na minoria das vezes.
Ao colocar um veículo à venda, é preciso entender que o eventual comprador quer ter o máximo de conhecimento possível sobre o carro.
Somente o test drive permite identificar possíveis problemas e falhas no carro.
Eu já deixei de comprar carros que se mostraram bons em todos os pontos acima, mas, logo nos primeiros metros do teste de rodagem, os problemas deram sinal de vida e o negócio não se concretizou.
Por Felipe Carvalho
Foto: Juca Varella/Folha Imagem
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