
A globalização gerou desafios geopolíticos, econômicos e sociais, além de novos desafios para a saúde. A primeira década do século XXI apresentou à sociedade um conjunto de realidades em que a importância dada aos animais e ao meio ambiente alcançou grande complexidade.
No final do século XX a multicausalidade das doenças foi reconhecida. E por isso, ficou relativamente claro que exercer a promoção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, intervindo em seus reservatórios, transcende competências de uma ou de outra profissão. Para que haja saúde, de fato, é necessário o conhecimento de diversas profissões, estando incluída a Medicina Veterinária. Assim, o conceito “Um Mundo, Uma Saúde” surge visando a resolução de problemas nas populações mais suscetíveis, reforçando a capacidade de resposta às emergências mundiais de saúde.
O gerenciamento de saúde exige uma perspectiva global de “Uma Saúde”, na qual se reconheçam as complexas interações entre saúde humana, pecuária, saúde de animais de estimação e silvestres, clima, ecossistemas, agricultura, sistemas de produção de alimentos e desenvolvimento humano. Nesse contexto, os médicos veterinários entram na linha de frente para a promoção da investigação, avaliação das práticas baseadas em evidências e criação de programas inovadores para reduzir a incidência das doenças transmissíveis entre seres humanos e animais, sendo essa uma oportunidade para desenvolver centros de excelência, educar e treinar diferentes disciplinas, colaborar com diversas áreas e, por fim, criar uma abordagem de custo eficaz para diminuir a prevalência de doenças na interface humana-animal.
A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) reconhece a contribuição que o médico veterinário tem para a saúde da população, a partir da sanidade e bem-estar dos animais, pessoas e ambiente, e por isso a formação do profissional deve ser de alta qualidade garantindo um direito de todos: a saúde. Portanto, é importante que haja uma mudança de paradigma e que a visão curativa da profissão seja mudada para a preventiva, e isso só poderá ser alterado se o médico veterinário entender o seu papel como ator social.
Se esse profissional conseguir gerenciar a tríade ser humano, animal e meio ambiente e ter a habilidade para resolver os problemas relacionados ao processo saúde-doença, com certeza estará qualificado para enfrentar as mudanças advindas de um novo mundo.
Autores do Texto:
Carolina de Alvarenga Cruz: doutoranda em Medicina Veterinária Preventiva (UNESP-Jaboticabal).
Raphaella Barbosa Meirelles Bartoli: Professora na Universidade Federal de Goiás / Regional Jataí, doutora em Medicina Veterinária Preventiva (UNESP-Jaboticabal).
Eric Mateus Nascimento de Paula: Professor na Universidade Federal de Goiás / Regional Jataí, mestre em Medicina Veterinária Preventiva (UNESP-Jaboticabal).
Daniel Bartoli de Sousa: Professor na Universidade Federal de Goiás / Regional Jataí, doutor em Reprodução Animal (UNESP-Botucatu)