Participação de mulheres em atividades científicas cresce mais ainda é tímida nas áreas de tecnologia, engenharias e matemática
Atualmente as mulheres são maioria no ensino superior e na pós-graduação, mas ainda tem dificuldades para se destacar em áreas relacionadas à tecnologia, engenharias e matemática e para alcançar as melhores posições na carreira acadêmica e científica. Segundo dados do portal Analisa Dados UFG, em Jataí as estudantes do sexo feminino são o dobro do masculino na graduação e pós-graduação.
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Por centenas de anos as mulheres não puderam participar do mundo acadêmico e científico – as que o fizeram tiveram grandes batalhas e muitas vezes usaram nomes masculinos para divulgar seus trabalhos. Quando passaram a ter mais acesso à educação, as mulheres foram relegadas a ocupar espaços relacionados às mesmas atividades que lhes eram designadas em casa: o educar e o cuidar – por isso existem muito mais mulheres educadoras e pouquíssimos homens, sobretudo na educação infantil.
De acordo com o estudo ‘Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)’, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 35% dos estudantes do mundo em áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática) são mulheres.
Segundo dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a presença feminina na ciência brasileira cai conforme elas sobem de posição na carreira. As mulheres estão presentes nos níveis mais baixos de pesquisa, mas na categoria 1A do CNPq das bolsas de Produtividade em Pesquisa [uma das categorias mais altas], elas correspondem a apenas 23%.
Para o CNPq, em relação às áreas de pesquisa, as mulheres são maioria em cursos nas áreas de artes, biológicas, humanas, saúde e ciências sociais aplicadas. Os homens são maioria em Engenharia e Computação e nas Exatas em geral, com 75% dos trabalhos realizados.
Para a pesquisadora da área de Ciências Biológicas, Levi Carina Terribile, da Universidade Federal de Jataí (UFJ), as maiores dificuldades encontradas em seu dia-a-dia como pesquisadora do sexo feminino estão a resistência encontrada em ser e acatada em suas propostas, opiniões e sugestões. Ela afirma que há sempre uma “preferência” por decisões e opiniões masculinas, postura que vem não só dos homens, mas também de muitas mulheres do meio acadêmico-científico. Para Carina “Ultrapassar barreiras exige que não nos curvemos diante dessas resistências, requer que mostremos o valor de nosso trabalho, evidenciando nossas habilidades e talentos, porque, de fato, temos capacidade de competir por igual”.
Já para Luciana Ferreira, graduada em Ciências da Computação pela UFJ, o maior desafio de estudar na área de exatas e tecnologia foi enfrentar a visão de que uma mulher não seria capaz de fazer determinadas coisas. Luciana afirma que ser “levada a sério” foi seu maior desafio na graduação e segue sendo no mercado de trabalho: “Quando você faz um curso que dizem ser voltado para homens, ele acham que você não é capaz de fazer as coisas. E quando você faz, muitos acham que é sorte”, afirmou.
Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência
Pensando essa questão buscando incentivar a participação feminina na ciência a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) criaram o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado a cada ano em 11 de fevereiro. O Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação da UFJ, professor Simério Cruz, afirma que: “O dia tem por objetivo para promover o acesso integral e igualitário da participação de mulheres e meninas na ciência. Um lembrete de que as mulheres e as meninas desempenham um papel fundamental nas comunidades da ciência e tecnologia e que a sua participação deve ser fortalecida.”
Por Estael Lima
Foto capa: Estael Lima
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