14 de dezembro de 2024
“O principal insumo da agricultura é o conhecimento. Não tem receita de bolo”, afirma Fancelli

Foto: Tecnoshow Comigo 2023

Com essa frase, ex-professor da USP iniciou a fala sobre o manejo fisiológico e nutricional da soja para que a alta produtividade seja alcançada pelos produtores rurais.

Se há uma lição trazida pela Tecnoshow Comigo a produtores rurais e profissionais da área é de que o campo também está em constante mudança e de que é preciso se atualizar para que os prejuízos sejam reduzidos e a produtividade aumente. A palestra do CEO da Fancelli & Associados e ex-professor da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Luiz Fancelli, na última terça-feira (28), não foi diferente.

O palestrante fez questão de deixar claro a importância de abandonar práticas e vícios antigos e se adaptar ao que apontam novos estudos. “O principal insumo da agricultura é o conhecimento. Não tem receita de bolo. É preciso planejamento e ajustes de percurso, de acordo com o clima e o comportamento da planta”, afirma.

O tema abordado foi o manejo fisiológico e nutricional da soja para alta produtividade. “A soja tem baixa tolerância ao stress e ele pode causar muitas perdas, com o abortamento de vagens, e a consequente redução da produtividade”, explica. Por isso, uma das práticas mais enfatizadas por Fancelli é a necessidade de se atentar ao estado fenológico da planta, ou seja: todas as fases e estados de crescimento da planta, desde a germinação até a maturação.

Como ponto de partida, o que ficou para trás é o uso de sementes pequenas. “Antigamente, as sementes eram vendidas por saco, menores e em grandes quantidades. Agora, as sementes são maiores e vendidas por unidade. A qualidade mudou e o tamanho também. Se quiser contar se no saco tem realmente três mil sementes, fique à vontade, realmente vai ter”, brinca o ex-professor e atual pesquisador. Com esse tipo de semente maior, é possível conseguir raízes mais compridas e maior quantidade de folhas primárias, que são essenciais para aumentar a produtividade da planta.

Outro aspecto importante abordado por Fancelli é a mudança na concepção de uma lavoura boa, com base apenas na altura da plantação. Se antes era importante ter-se plantas altas e robustas, atualmente a preocupação é muito maior em relação à quantidade de vagens e de nós nos caules.

“Não tem como fazer agricultura de dentro da caminhonete. O produtor vai passar, olhar de longe e achar que está tudo muito verde, muito bonito. Mas é preciso enxergar a quantidade de nós, de vagens e se as folhas mais baixas estão resistindo. Tem que estar dentro da lavoura, sim”, explica. Por isso, a prática também ultrapassada de cumprir etapas de acordo com os dias a partir do plantio também não faz sentido. A análise de cada fase da planta e das necessidades é essencial.

Aprendizado para todos os públicos

Marília Gervásio e Jordana Carvalho, ambas de 24 anos e engenheiras agrônomas, trabalham na área de nutrição e fisiologia. Marília explica como a palestra foi importante para concretizar algumas certezas. “Eu comentei com a Jordana que, agora, a moda é Boro, Magnésio e Nitrogênio [para a nutrição da soja]. E, com a palestra, eu acho que a gente está no caminho certo. Agregou muito para mim, de verdade”, afirma a jovem. A amiga Jordana completa: “É muito importante a feira trazer esse tipo de conhecimento para o pessoal da área, tanto para profissionais quanto para os produtores.”

Mesmo que se tratem de temas extremamente específicos, as palestras da Tecnoshow Comigo são pensadas para todos os públicos que frequentam a feira. Prova disso é que não apenas as engenheiras agrônomas, familiarizadas com termos técnicos, se sentiram contempladas pelo conteúdo. Quem tem pouca ou quase nenhuma familiaridade com as especificidades do plantio de soja também foi capaz de acompanhar tudo sem dificuldades.

É este o caso do trabalhador da área de implementos agrícolas, Caio Franco. Ele trabalha em uma empresa que já tem vários profissionais da Agronomia, mas resolveu participar da palestra para aprender mais e se atualizar sobre o assunto. “Vim pela sede do conhecimento, procurando aprender mais. E entender como traduzir tudo isso nas máquinas que as pessoas usam em campo. Esse é o objetivo”. Caio conta que, apesar de não ter conhecimento aprofundado sobre o assunto, se sentiu contemplado e compreendeu todas as explicações. “É muito válido [esse tipo de conteúdo], aumenta a importância da feira e faz ela se comparar com as outras grandes, de todo o Brasil”.

Sobre a Tecnoshow Comigo
Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 170 hectares (área total do CTC). Neste local, a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas, e realiza a Tecnoshow. A diversidade é uma marca registrada do evento. São máquinas e equipamentos agropecuários, plots agrícolas, animais das mais variadas espécies, palestras técnicas e econômicas, ações socioambientais e dinâmicas de pecuária, entre outros produtos e serviços. Trata-se de uma extensa vitrine de tecnologias para o homem do campo, seja pequeno, médio ou grande produtor.

 Fonte / Fotos: Tecnoshow Comigo 2023
Jornalismo Portal Panorama
panorama.not.br

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