Um pastor e um bispo foram indiciados por estelionato após a venda irregular do prédio da Igreja Batista da Vila União, localizada no Setor União, em Goiânia, para outra denominação religiosa, a Igreja Luz para os Povos. A transação, avaliada em R$ 80 mil, representava apenas 20% do valor real do imóvel, que, segundo a polícia, seria de R$ 400 mil.
De acordo com o delegado Isaías Pinheiro, titular do 1º Distrito Policial de Goiânia, o pastor Valtuir Martins Ferreira vendeu a igreja “de porteira fechada”, incluindo os mais de 300 fiéis que frequentavam o local. “Ele embolsou o dinheiro e afirmou que seria uma união entre as igrejas, mas na verdade tratava-se de uma venda formalizada por escritura pública”, explicou o delegado.
Os fiéis denunciaram o caso após descobrirem que a negociação foi realizada sem o consentimento da congregação. Desde então, o templo, um dos mais antigos da região, está fechado e não recebe celebrações. Os membros da Igreja Batista exigem a anulação da venda e a reabertura do espaço.
Venda fictícia?
Valtuir Martins afirmou à polícia que assumiu o templo em 1997 e, em 2001, teria organizado uma assembleia para formalizar a suposta união entre as igrejas. Ele também alegou que a transação seria “fictícia”, sem troca de valores. No entanto, os documentos registrados contradizem a versão, já que houve formalização do pagamento.
O bispo Gilmar Martins, da Igreja Luz para os Povos, defendeu a legalidade do processo. Segundo ele, a união ocorreu dentro da lei. Contudo, para a polícia, os envolvidos agiram com dolo.
O delegado Isaías expõe que a investigação começou após a denúncia dos fiéis. “Os dois estão sendo acusados de estelionato contra a congregação. Valtuir Martins fraudou uma assembleia para poder vender o templo por um valor abaixo do mercado e sem comunicar aos fiéis. O Pastor vendeu a igreja por 80 mil reais e com o dinheiro foi morar em Cachoeira Alta (município a 358 quilômetros de Goiânia). O caso já foi encaminhado ao poder judiciário e está sendo investigado”, concluiu.
Os fiéis seguem mobilizados na tentativa de reverter a venda e recuperar o templo.